Agência Brasil
Com oferta de taxas menores em comparação às dos financiamentos bancários, as administradoras de consórcios de imóveis esperam que a procura pela modalidade continue este ano. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), dentre o total de unidades financiadas em 2016, a participação do consórcio de imóveis ficou em 21,6%. No ano anterior, 2015, o percentual foi de 16%.
Em janeiro, as vendas de novas cotas cresceram 14,7%, somando R$ 2,2 bilhões, valor 28% maior do que o registrado em 2016.
De acordo com o setor, uma das vantagens de um consórcio imobiliário é o custo menor. A taxa média de juros no financiamento da casa própria gira entre 8% e 9% ao ano. Os consórcios cobram taxas administrativas menores, por exemplo, de menos de 2% ao ano. Não há cobrança de juros.
“Na hora de tomar uma decisão sobre o que é melhor, o que pesa no bolso do consumidor é a diferença de custo”, disse André Marini, diretor comercial da Ademilar Consórcio de Investimento Imobiliário, com sede em Curitiba e filiais em Joinville (Santa Catarina) e São Paulo, que registrou crescimento das vendas de 57,42% no primeiro bimestre, taxa acima da média registrada no ano passado (35%).
Animado com uma possível retomada do crescimento econômico do país ainda em 2017, o empresário Luiz Fernando Savian, dono do Consórcio Nacional Unifisa, projeta um aumento dos negócios de pelo menos 10%, quase o dobro do ano passado.
Poupança
O presidente da BB Consórcios (do Banco do Brasil), Alexandre Luis dos Santos, também prevê uma tendência de aquecimento do setor. Para ele, ao adquirir o imóvel por consórcio, o cliente “não está contraindo uma dívida e sim fazendo um investimento, uma poupança”.
O Banco do Brasil passou a oferecer consórcios em 2008. As vendas de cotas de imóveis nos dois primeiros meses de 2017 superaram em 18% as registradas no mesmo período em 2016, com volume financeiro de R$ 202 milhões.
FGTS
O resgaste do saldo das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é mais um motivo de ânimo para o setor. Os saques devem chegar a R$ 35 bilhões, conforme estimativas do governo federal.
Segundo a Abac, em janeiro, a aplicação de recursos do FGTS em consórcios movimentou R$ 10,8 milhões, sendo o maior montante (R$ 4,8 milhões) para a compra de um imóvel, R$ 2,2 milhões para amortizar o saldo devedor e R$ 1,2 milhão para liquidar.
Alertas
O professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) Alberto Ajzental alerta que quem pretende comprar a casa própria por meio de um consórcio deve estar ciente que não recebe o imóvel de imediato, assim que contrata o consórcio.
O interessado precisará pagar uma cota mensal. E receberá a carta de crédito se for contemplado em um sorteio entre os participantes do consórcio ou quando oferece o lance mais alto. Não há garantia de que receberá o crédito logo nos primeiros meses. É um investimento de longo prazo, não indicado para quem precisa de um imóvel com urgência. “No financiamento [bancário], estará pagando por um bem já disponível”, diz Ajzental.
Ajzental chama atenção para quem paga aluguel e pretende adquirir um consórcio. Neste caso, a pessoa deve estar atenta para não comprometer parte significativa da renda com os dois pagamentos.