Máscaras cirúrgicas, antes restritas aos ambientes hospitalares, ganharam ares de glamour. Agora, elas são artigo de luxo, devido à raridade no mercado por conta do novo coronavírus, e desenvolvidas por costureiras em todas as cores e tecidos.
Basta olhar nos sites de compras on-line ou na empreendedora mais próxima. Elas custam entre R$ 10 e R$ 18 e têm como principal diferencial o fato de serem laváveis – ou seja, reutilizáveis -, além de estilosas.
Contudo, o especialista e presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho no Estado de Mato Grosso, Antônio Santana, explica que o uso incorreto da “proteção” na rua pode, na verdade, aumentar o risco de contágio e que o algodão não é um material apropriado para conter um vírus.
Segundo Santana, a medida mais eficiente é, sem dúvida, manter o distanciamento das outras pessoas. Ele considera a máscara um até método perigoso, no qual o “tiro pode sair pela culatra”.
“O ideal é que seja descartável, já que a pessoa joga fora antes de chegar em casa. Quando é lavável, ainda se mistura com as coisas da família e já se sabe que o vírus tem um período de sobrevivência em superfície”, ele explica.
Outro ponto abordado pelo especialista é com relação a lavagem, que nem sempre é eficiente e promove a correta esterilização do apetrecho.
Poluição, fungos e bactérias
Quem passa o dia todo com a máscara ainda carrega no rosto a poluição, fungos e bactérias que ficam alojadas no tecido. O técnico em Segurança lembra que todos os elementos causam outras doenças respiratórias.
Além do mais, tem o fato de ela poder estar úmida por conta de suor ou de um espirro, por exemplo, torna o peça um viveiro ainda mais atrativo para estes micro-organismos.
O profissional alerta ainda que máscaras usadas por cabeleireiros e cozinheiros, por exemplo, não são adequadas para se proteger contra o coronavírus. Elas são apenas para evitar que saliva caia sobre o cliente. A durabilidade é de, no máximo, 2 horas.
Dentro do hospital
Além do tipo de máscara, Santana diz que a proteção dos profissionais que atuam na saúde depende das trocas frequentes de outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e ainda da qualidade desses itens, que precisam ser certificados.
Dentro dos hospitais, o indicado pelas regras de segurança é uma máscara cirúrgica usada corretamente, cobrindo a boca e o nariz. Ela deve ser trocada sempre que ficar suja ou úmida e a cada vez que o trabalhador entrar em contato com ambiente onde há pessoas infectadas.
Caso ele saia do local e continue com a máscara, levará o vírus até os demais membros da equipe, o que pode contaminar os colegas. O mesmo deve ser feito com jalecos e luvas.
Máscaras industriais
As máscaras NR 95 também estão sendo vistas com mais frequência pela população dentro e fora das unidades de saúde. São predominantemente na cor azul, sendo que algumas possuem um respirador, uma espécie de botão preto, na lateral.
Elas eram típicas dos ambientes industriais e, segundo o técnico em segurança Antônio Santana, promovem mais proteção porque são elaboradas para quem trabalha com contaminação de ar, como agrotóxico e produtos químicos.
O preço delas, no entanto, é mais elevado e deve se manter a mesma metodologia de uso da cirúrgica, ou seja, trocar toda vez que entra em ambientes contaminados.
Protetores de rosto
Na corrida para se manter longe do coronavírus sem ter que se trancar dentro de casa, várias campanhas estão sendo realizadas pelo Brasil para produção de protetores de rosto de acrílico, feitos em impressoras 3D.
O especialista Antônio Santana diz que os acessórios são eficientes para a proteção dos enfermeiros, porém não descartam os demais apetrechos. E assim como as máscara, precisam ser trocados a cada passagem por ambientes com pacientes contaminados ou suspeitos de contaminação.
No entanto, existe uma especificidade neste tipo de proteção. Ele é lavável, desde que o processo seja na lavanderia do hospital, sendo incluso o processo de desinfecção.