Judiciário

Caso Rodrigo Claro: julgamento inicia sem a presença de tenente Ledur

Promotoria pediu condenação por tortura e assistência, que ela seja expulsa da Corporação. A bombeiro é acusada de torturar aluno com afogamento

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Caso Rodrigo Claro: julgamento inicia sem a presença de tenente Ledur
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Após 5 anos de espera e acolhimento de recursos que resultavam em adiamento das sessões, a Justiça Militar iniciou o julgamento da tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps. A militar é apontada com responsável pela morte de Rodrigo Claro, de 21 anos, que  integrava a turma de formação de bombeiros. O rapaz morreu após participar de um treinamento de salvamento aquático.

A sessão começou por volta das 13h30 dessa quinta-feira (23), em Cuiabá, e o advogado de defesa da tenente Ledur, Huender Rolim, apresentou o pedido de dispensa da ré. O juiz responsável pelo julgamento, Marcos Faleiros, acatou a solicitação e a sessão não contou com a presença dela.

Resgate do caso

Em sua fala, o promotor Paulo Henrique Amaral Motta relembrou todo o caso ocorrido em novembro de 2016. O Ministério Público do Estado frisou que Rodrigo morreu em decorrência dos afogamentos a que foi submetido por parte da tenente.

Conforme a Promotoria, a militar estava com uma postura de perseguição porque o rapaz apresentou atestado médico por conta de um problema no joelho e também tinha dificuldades na natação.

Esse comportamento persecutório foi apontado também aos pais, destacou o promotor. Rodrigo tinha dito aos pais que tinha medo da tenente Ledur.

Motta argumentou que Rodrigo pediu à tenente que parasse com os episódios de afogamento que causavam sofrimento extremo físico e psicológico, durante o treinamento de travessia na lagoa Trevisan. Porém, não foi ouvido. O aluno, então, tentou desistir do curso, abrir mão da formação e do concurso, mas não foi ouvido durante os primeiros avisos.

A tenente, ao ver que o aluno não conseguiria terminar a tarefa, foi até Rodrigo e realizou a submersão do rapaz reiteradas vezes e não deixou que ajudassem o jovem com uma boia. Para a Promotoria, a militar quis castigar, humilhar e fazer o jovem sofrer.

Após os afogamentos, Rodrigo chegou a vomitar água e reclamou de dores de cabeça. A militar então determinou que ele fosse até o 1º Batalhão para se apresentar. Assim que chegou à unidade militar, Rodrigo foi encaminhado para a Policlínica do Verdão por reclamar das fortes dores de cabeça.

Dali, direcionado para um hospital, onde foi internado não resistiu e faleceu, dias depois. Nesse ponto, Motta reiterou que o aluno militar não apresentava problemas de saúde, conforme comprovado pelos exames que atestaram a aptidão física do aprovado no concurso público.

É um relato exaustivo porque exaustivos foram os fatos de 2016. É um relato frio, mas é importante nos posicionarmos e imaginar o que realmente aconteceu naquele dia”, pontuou o promotor. 

Condenação

O MPE avaliou que, caso haja a absolvição da militar, isso representará uma impunidade. Além disso, reforçou o pedido para que a tenente Ledur seja condenada pelo crime de tortura.

O advogado que atua como assistente de acusação, Julio Cesar Lopes, foi além e pediu que a ré seja excluída do quadro da Corporação.

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