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Bachelet ataca Bolsonaro e despede-se da ONU

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Bachelet ataca Bolsonaro e despede-se da ONU
ONU / Mark Garten (arquivo)

Precisamos fazer um breve relato sobre a trajetória política que levou Bachelet até o cargo de Alta-Comissária da ONU, para assim conseguirmos compreender o que tudo isso tem a ver com o Brasil e com as eleições deste ano.

Bachelet é médica e foi presidente do Chile por 2 mandatos pelo Partido Socialista do seu país, (mandatos de 2006 até 2010 e 2014 até 2018), marcando sua gestão por pautas exclusivamente de esquerda.

A chilena comandou o seu país com forte apoio e ligações com organismos internacionais, além da ONU, também o “Foro de São Paulo” fundado no início dos anos 90 por Fidel Castro e Luís Inácio Lula da Silva, sob o objetivo de unificação política e ideológica da América Latina e Caribe; o sonho é de transformar a América Latina e Caribe em uma única “nação socialista”, criando uma Nova Ordem sob o comando total de presidentes de esquerda. O projeto persiste ainda nos dias atuais, tendo como membros e aliados mais de 123 partidos políticos latino-americanos e caribenhos, além de Movimentos como as FARC (Forças Revolucionárias da Colômbia) e o MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária do Chile).

Logo após deixar o primeiro mandato de Presidente do Chile, em 2011, Bachelet assumiu uma diretoria da ONU que promove ideologia de gênero no mundo. Anos mais tarde, após deixar seu segundo mandato no comando do Chile, em 2018, a chilena retorna para a Organização das Nações Unidas. E, o secretário geral da ONU nomeou Bachelet para o cargo de Alta-Comissária de Direitos Humanos, permanecendo até o presente ano, 2022.

Após este breve histórico, vamos trazer alguns fatos para compreendermos os interesses, a atuação e as declarações polêmicas da alta-comissária da ONU, Michelle Bachelet, em especial, com relação ao Brasil e as eleições deste ano.

Michelle Bachelet, usando de sua função na ONU, atacou o Governo brasileiro em discurso proferido no dia 13 de junho de 2022 (última segunda-feira). A comissária da ONU não chegou a citar nominalmente o Presidente Jair Bolsonaro, mas seu ataque foi compreendido.

Em trecho de seu discurso, Bachelet fez referência direta às eleições no Brasil, fazendo coro para uma narrativa criada pela oposição anti-bolsonaro de que críticas e dúvidas sobre o processo eleitoral não podem ocorrer no Brasil. Como se houvesse algum tipo de intervenção por parte do Executivo sobre outros poderes, a Comissária disse: “Eu peço que as autoridades garantam o respeito aos direitos fundamentais e às instituições independentes”.

Bachelet ainda “responsabilizou” o Brasil pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do funcionário licenciado da Funai, Bruno Pereira – na fronteira entre o Brasil e o Peru (proximidade, também, com a fronteira entre Brasil e Colômbia).

A comissária disse: “No Brasil, estou alarmada com as ameaças contra os ambientalistas e os povos indígenas, incluindo a exposição à contaminação por mineração ilegal de ouro”. Além disso, a Comissária já havia feito ataques diretos ao Governo Bolsonaro em anos anteriores; e, há poucos dias, disse que as buscas pelos desaparecidos na região Amazônica estavam muito lentas.

As falas da comissária causaram muito desconforto ao Governo do Brasil que se viu obrigado a responder os ataques por meio de seu corpo diplomático.

O Itamaraty declarou – na última terça-feira (14) na ONU – que o governo brasileiro tem dedicado esforços para promover e proteger direitos humanos e a democracia; que as instituições de Justiça atuam para reprimir ações ilegais em terras indígenas; e lembrou que todos os esforços foram dedicados na busca e elucidação dos fatos quanto ao desaparecimento do jornalista britânico e do servidor da Funai. A diplomacia brasileira endureceu o tom ao afirmar que não será admitida interferência estrangeira nas eleições.

Neste contexto de terras indígenas, é fundamental lembrar a todos que o Vale do Javari é localizado em região de difícil acesso, já que se trata da segunda maior reserva indígena do país. A região é muito propícia ao crime organizado por ser de mata fechada e fronteiriça. E, como resultado de uma legislação absurdamente restritiva, é muito difícil até para o governo levar infraestrutura para a região, como linhões, estradas etc. Como grupos ambientalistas desejam, a região fica isolada do resto do país.

Nesta quinta-feira (16/06) foi noticiado um fato que merece olhares mais atentos. Em matéria do Estadão, assinada pelos jornalistas Marcelo Godoy e Luiz Vassallo, foi revelado que “Contador ligado a Lula é suspeito de lavar R$ 16 milhões em loteria com o PCC”, lembrando que o PCC é uma das maiores facções criminosas do Brasil e tem ligações estreitas com as FARC. Em outra matéria, datada de 18 de fevereiro de 2022, de site da própria esquerda brasileira “Carta Capital”, foi trazida a seguinte manchete “PCC e o Comando Vermelho passam a investir em grilagem, madeira e garimpo na Amazônia”. E, na última segunda-feira (13/06) a VEJA revelou, também, que várias facções atuam na região amazônica, tornando a região ainda mais perigosa: “Região é cada vez mais palco de disputas entre grupos locais, PCC e Comando Vermelho e ponto de conexão com cartéis de traficantes do Peru e da Colômbia”.

Um pequeno adendo ao artigo. Em dados recentes, as apreensões de drogas no Brasil tem atingido recordes, nos últimos 2 anos e meio, causando prejuízos ao tráfico de drogas de dezenas de bilhões de reais. Mas ainda é necessário muitos investimentos e mudanças na legislação brasileira para conter o crime organizado.

E, não somente os brasileiros, mas o mundo precisa saber qual a opinião do Lula e da Bachelet sobre a atuação e avanço do PCC, CV e FARC na região amazônica. O que ambos fizeram para conter esses avanços quando foram presidentes do Brasil e Chile, respectivamente; e, se isso pode ter alguma relação com as mortes do Jornalista britânico e do indigenista, ao invés de fomentarem narrativas eleitorais. E, todos precisam saber mais sobre o alinhamento de Lula com Gustavo Petro, candidato que concorre a presidência da Colômbia com seu apoio, ligado as FARC, grupo guerrilheiro e terrorista que atua no crime organizado.

Enquanto isso, a Comissária da ONU, ao que parece, tem a missão de ser notada pelos brasileiros, afinal foi dela que surgiu a narrativa de que Lula seja um perseguido político no Brasil – aprovando, inclusive – um relatório por meio do Comitê da ONU, sem qualquer valor jurídico, mas com alto valor político, apontando Lula como “vítima de abusos” praticados pela “Operação Lava Jato”. Lembrando que Lula, em 2021, teve seu processo anulado formalmente, causando sua prescrição e “descondenação”, pelas mãos do Ministro do STF, Edson Fachin.

Pois bem, ainda sobre o dia 13 (última segunda-feira), a Comissária Michelle Bachelet disse também que não pretende permanecer no cargo para um segundo mandato na ONU, encerrando seu ciclo. Mas essa decisão ocorreu após pressões de diversos grupos internacionais, inclusive do Governo Norte Americano, que acusaram a chilena de “passar pano” para as afrontas da ditadura chinesa contra os direitos humanos na China.

Ocorre que a Alta-Comissária, em sua passagem pela ONU, apresentou-se parcial em suas análises e relatórios. O caso de ataques ao Governo Bolsonaro e a defesa de Lula não são casos isolados. Foram mais de 230 organizações de direitos humanos que exigiram a demissão de Bachelet, acusando-a de “fazer vista grossa” às prisões em massa, abusos e perseguições religiosas na China. O território autônomo, chamado de Xinjiang é habitado por várias minorias étnicas, principalmente os uigures; e, durante sua visita à China, em maio deste ano, nenhum dos abusos praticados naquela região foi relatado por Bachelet. Estima-se que os comunistas estejam mantendo mais de 1 milhão de chineses em campos de trabalho forçado, por questões religiosas.

E, por fim, em seu último discurso como Alta Comissária de Direitos Humanos, a chilena preferiu atacar o Brasil com narrativas com o objetivo de ajudar seu aliado político Luís Inácio. A quase ex-Comissária perdeu a oportunidade de reportar o caos e desrespeito aos verdadeiros direitos humanos praticados na China. Preferiu se calar sobre sua visita ocorrida há poucas semanas ao gigante do Oriente.
Tchau, querida!

Manoel Carlos é bacharel em direito, consultor político e pesquisador focal em MT.
e-mail: manoel.cuiaba@gmail.com

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