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Advogado mantinha deficiente em condições análogas à escravo em fazenda

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Advogado mantinha deficiente em condições análogas à escravo em fazenda

A Polícia Judiciária Civil resgatou pessoas que viviam em condições análogas à escravidão no município de Colniza (1044 km de Cuiabá). Os trabalhadores foram encontrados nesta sexta-feira (07), na Fazenda São Lucas, depois de denúncia realizada pelo Disque 100. Entre as vítimas, estava um deficiente físico e visual que vivia condições desumanas, segundo a PJC.

A propriedade rural pertence ao advogado, R.M. e ao seu ex-sogro L.A.P.B., os nomes completos não foram revelados pela Polícia. Ambos responderão pelos crimes de sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga de escravo, maus tratos e constrangimento cuja intenção era obter vantagem ou favorecimento sexual, devido a superioridade hierárquica.

Após denúncia, policiais da Delegacia de Colniza foram até a fazenda localizada no KM 09, sentido Guariba, onde encontraram o senhor J.P.R., vivendo em um quarto com ratos, próximo ao chiqueiro. O quarto ainda funcionava como um depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.

Segundo informou a PJC, a vítima ficou cega do olho esquerdo num acidente de trânsito em 2015 e teve que amputar uma perna devido a um grave ferimento causado enquanto tentava apagar um incêndio na propriedade. O funcionário nunca teve carteira assinada e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados.

Ao LIVRE, o delegado Edson Ricardo Pick relatou o cenário de horror em que a vítima vivia. “Ele é portador de Hanseníase, não sente dores no corpo. Quatro meses atrás ratos roeram sua perna enquanto dormia. Ele só foi perceber ao levantar quando viu as poças de sangue no colchão”, revelou. 

O delegado ressaltou ainda, que a vítima não tinha forças pra fazer a própria comida e esperava a ajuda dos demais funcionários para que pudesse comer. Na fazenda, segundo ele, há um banheiro adequado, mas que não podia ser usado, pois, os donos da propriedade deixavam trancado. “Ele era obrigado a tomar banho de mangueira atrás da casa ou na lagoa em meio aos animais”.

Ao delegado, a vítima relatou que seus documentos pessoais estão há um ano com o ex-sogro do advogado para que pudesse dar entrada em sua aposentadoria. “Ao que tudo indica, isso não ocorreu. A situação é muito triste”, lamentou o delegado. Ainda segundo Pick, a vítima se encontrava neste sábado internada em observação  no Hospital Municipal de Colniza. 

Outros trabalhadores

No local, os policiais encontraram ainda outra família que trabalhava sem carteira assinada. De acordo com a PJC, a filha do casal, de 13 anos, contou que por várias vezes já foi convidada pelo patrão para ter relação sexual com ele e a sua esposa. À Polícia, a adolescente afirmou que o advogado chegou a dizer “que por enquanto não vai força-la por ser menor [de idade], mas depois que ela completar 14 anos não passa”.

“Os trabalhadores que quiseram sair, como é o caso dessa família, nós retiramos da propriedade, mas ainda ficaram funcionários lá”, explicou.

As testemunhas ouvidas pelos investigadores afirmaram que em outras fazendas do advogado, existem pessoas vivendo nas mesmas condições.

O delegado pediu a prisão preventiva do advogado, a prisão temporária de seu ex-sogro e um mandado de busca e apreensão nas outras fazendas do acusado. O ministério público encaminhou o caso para a Justiça Federal.

(Com informações de assessoria)

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