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Advogado diz que Silvio acusa Emanuel de receber propina apenas para não perder delação

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Advogado diz que Silvio acusa Emanuel de receber propina apenas para não perder delação

Ednilson Aguiar/O Livre

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O advogado André Stumpf, que defende o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), disse que o delator Silvio Corrêa sustenta a tese de que Emanuel recebeu propina apenas para não anular a própria delação premiada. Stumpf afirmou que os maços de dinheiro recebidos pelo prefeito das mãos de Silvio são referentes a pesquisas do Instituto Mark, que pertence ao irmão dele, Marco Polo Pinheiro, conhecido como “Popó”.

“Se ele confirma que o pagamento era da pesquisa, estaria comprovado que ele mentiu em sua delação, que seria rescindida automaticamente e ele voltaria para a prisão”, declarou o advogado em entrevista coletiva depois do depoimento de Silvio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, na sexta-feira (16).

Durante o depoimento, Stumpf perguntou a Silvio três vezes se ele tinha consciência dessa possibilidade, e o delator acabou respondendo que sim. “Eu fiz essa pergunta para mostrar a todos que ele não tinha outra resposta a não ser dizer que Emanuel recebeu propina, porque é o que ele disse na delação dele”, completou.

Apesar disso, o advogado negou qualquer intenção de anular a delação de Silvio. “A defesa não vai se preocupar em rescindir delação porque nosso objetivo não é esse. O objetivo é mostrar o que de fato aconteceu e comprovar as relações que existiam entre o governo Silval e o Instituto Mark. Que o dinheiro não era de propina nem de mensalinho. Hoje ele disse que não havia mensalinho”, disse.

No depoimento, Silvio repetiu textualmente, por quatro vezes, que Emanuel recebeu propina no vídeo que ele entregou ao Ministério Público. Silvio era chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa e afirmou ser responsável pelo pagamento de propina referente às obras do programa MT Integrado.

Contradições

O advogado disse ter encontrado contradições no depoimento do delator à CPI. “Eu vi contradições. Quando se falou em obstrução, perguntas subjetivas sobre o que ele acha… por óbvio que ele acha que Alan Zanatta, ao entregar o áudio ao prefeito, o prejudicou. Mas depois ele diz que não prejudicou”, observou.

“Ele omitiu algumas informações que iremos comprovar. Foram mais de 300 pesquisas. A troco de que ele iria fazer uma visita no Instituto Mark em 2012, ano eleitoral? Então dizer que em 2013 não havia saldo a pagar… Ele não falou a verdade à CPI”, afirmou.

O advogado de Silvio, Victor Alipio, negou ter havido contradições. “Ele disse o que já havia dito na delação. Ele colaborou da forma como deveria e continuará colaborando. Ele disse que o Emanuel recebeu propina, não recebeu dinheiro do irmão dele. Se fosse para pagar o irmão ele teria dito isso. Ele não teria porque mentir”, afirmou.

O presidente da CPI, Marcelo Bussiki (PSB), também disse que não viu contradição no depoimento de Silvio. “Ele falou na delação que o pagamento era uma questão extra do MT Integrado, e tomou conhecimento do mensalinho via Silval Barbosa. O mensalinho era por meio de suplementação à Assembleia. São duas coisas diferentes que Silval vai poder esclarecer”, afirmou.

Gravação de Zanatta

Stumpf demonstrou confiança no peso da conversa gravada entre Silvio e o ex-secretário de Indústria e Comércio (Sicme) Alan Zanatta como prova no processo. “O que me deixa tranquilo é que a Polícia Federal está muito preocupada com essa perícia. Significa que tem um peso e que vai fazer diferença dentro do processo. Se ela tiver que rescindir delações premiadas, que se rescinda. Porque outras provas surgirão”, declarou.

Ele não quis dar detalhes sobre a defesa usará o áudio. “Se começarmos a antecipar toda a nossa tese de defesa, a Polícia Federal vai tentar não só desqualificar como modificar toda essa circunstância. A defesa do prefeito eu farei dentro do processo”, disse.

O advogado disse ainda que a Polícia Federal tem concentrado as investigações em Emanuel porque ele é uma vitrine para o caso. “O papel da polícia é apurar se de fato ocorreu o crime, com sua materialidade e autoria. Temos uma delação premiada em que mais de 100 pessoas foram delatadas. Temos outros deputados, outras circunstâncias. Hoje tem se concentrado muito no Emanuel Pinheiro, é o único que tem oferecido vitrine. Outras circunstâncias estão paradas”, criticou.

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