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Advogado afirma que responsáveis ainda não foram presos

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Advogado afirma que responsáveis ainda não foram presos

Ednilson Aguiar/O Livre

advogado André Stumpf Jacob

O advogado André Stumpf Jacob durante entrevista no Fórum de Cuiabá

O advogado André Stumpf, que representa o cabo Euclides Torezan afirmou que o cabo Gérson Luiz Ferreira Júnior mentiu ao citar seu cliente como um dos participantes no esquema de interceptações telefônicas ilegais. Torezan é um dos seis militares presos na sexta-feira (23) por determinação do desembargador Orlando Perri, que julga no Tribunal de Justiça o caso chamado de “barriga de aluguel”.

“Há especulações, e eu não posso falar dessas especulações, de que o cabo Gérson resolveu afundar e quer levar algumas pessoas com ele, menos quem ele deveria levar, que todo mundo sabe quem é”, disse, sem citar nomes. “Mas nós vamos conseguir provar que as declarações do Gérson pertinentes ao Torezan são todas mentirosas”, completou Stumpf.

Apesar de ser policial militar, Torezan trabalhava no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ligado ao Ministério Público Estadual. Segundo o advogado, o cabo atua no núcleo há 12 anos. O Gaeco, aliás, também teria tido um dos telefones grampeados irregularmente.

“Há especulações de que o cabo Gérson resolveu afundar
e quer levar algumas pessoas com ele, menos quem
ele deveria levar, que todo mundo sabe quem é”

Colaboração 
Ainda segundo o advogado, não haveria razões para a prisão do cabo Torezan, pois ele teria colaborado com a Justiça todas as vezes em que foi solicitado nos processos militar e civil que tramitam até o momento.

Há cerca de 20 dias, o cabo entregou ao juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal, documentos sobre o caso e também prestou depoimento no Inquérito Policial Militar (IPM) comandado pelo coronel Jorge Catarino, disse Stumpf. 

“Ele foi chamado no GCCO [Grupo de Combate ao Crime Organizado da Policia Civil] na terça-feira desta semana e prestou todos os esclarecimentos. Agora vem esse decreto de prisão”, reclamou o defensor. “Não tem justificativa, até porque o decreto só diz ‘para garantia da ordem pública e em razão da periculosidade’. Que periculosidade? Ele trabalha no Gaeco desde 2005, ele tem 12 anos de trabalho prestado”, afirmou.

Outras prisões
Além de Torezan, foram presos preventivamente o chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, o secretário-adjunto da pasta, coronel Ronelson Barros, e o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Januário Antônio Edwiges Batista, todos por suspeita de participação no esquema de grampos.

O coronel Lesco está detido na Academia da PM, o coronel Barros foi encaminhado ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o cabo Torezan ficará detido no 4º Batalhão da PM. Não foi possível apurar para onde foi encaminhado o coronel Barros.

Ednilson Aguiar/O Livre

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

O coronel Evandro Lesco, ex-chefe da Casa Militar

Também estão em prisão administrativa o corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes, e o diretor de inteligência da PM, Victor Fortes, ambos denunciados pelo governador Pedro Taques (PSDB) por vazar informações sobre as prisões dos demais militares.

Barriga de aluguel
Em 23 de maio, o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da PM, e o cabo Gérson Luiz Ferreira Júnior foram presos por determinação do juiz Marcos Faleiros em uma decisão de ofício. Em sua decisão, Faleiros citou o coronel como um possível mandante dos grampos e o cabo como o responsável por assinar pedidos e relatórios de interceptações telefônicas ilegais.

O caso dos grampos telefônicos veio à tona em 11 de maio, quando uma reportagem do Fantástico esteve em Cuiabá fazendo entrevistas sobre o caso. Apelidado de “barriga de aluguel” o crime foi denunciado pelos promotores Mauro Zaque de Jesus e Fábio Galindo ainda em 2015, quando ambos comandavam a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

“O decreto de prisão só diz ‘para garantia da ordem pública e em razão da periculosidade’. Que periculosidade? Ele trabalha
no Gaeco desde 2005”

No dia da divulgação do caso, o então secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Zamar Taques, deixou o cargo. O telefone de uma mulher apontada como ex-amante dele aparece nas escutas ilegais. 

De acordo com Mauro Zaque, as denúncias foram encaminhadas ao governador Pedro Taques, que nega ter recebido qualquer documento oficial noticiando os fatos.

Segundo a denúncia, uma investigação de tráfico de drogas em Cáceres foi usada para o esquema: foram incluídos nas escutas os telefones de pessoas que não tinham ligação com aqueles crimes.

Números da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do jornalista José Marcondes “Muvuca”, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, de médicos e de outros profissionais aparecem na lista.

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