Um homem de 34 anos, acusado de estuprar a sobrinha de 10 anos e liberado pela polícia mesmo com dois antecedentes criminais, foi espancado nessa quinta-feira (31), em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá). O espancamento foi uma punição pelo crime cometido, conhecido como “salve”, comumente realizado por membros da facção criminosa Comando Vermelho.
A denúncia de estupro aconteceu no dia 5 de janeiro deste ano, do crime que teria acontecido no dia 3. Conforme o boletim de ocorrência, a criança afirma que houve penetração, queixava-se de dores e corrimento nas partes genitais e afirmava com convicção que o estuprador era seu tio.
No dia da denúncia, os policiais foram até o local onde o suspeito estava, indicado pela mãe da menina, e “convidaram para que [ele] fosse esclarecer os fatos perante a autoridade policial na Central de Flagrantes”, consta no boletim de ocorrência.
O suspeito em questão já possuía duas passagens criminais, uma por tráfico de drogas e outra por porte de arma de fogo, e estava em liberdade condicional pelo primeiro crime. Porém, mesmo com a nova denúncia, foi apenas ouvido e liberado.
Segundo informações da Polícia Judiciária Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa de Mulher, Criança e Adolescente de Várzea Grande e corre em sigilo por se tratar de crime contra a dignidade sexual.
“Punição extrajudicial”
Nessa quinta-feira (31), porém, ele recebeu uma “punição extrajudicial”. O salve é uma surra dada por membros de facções para punir pessoas que cometeram crimes que até mesmo os criminosos consideram imperdoáveis. A intenção, segundo diversos vídeos de salve já divulgados nas redes sociais, é fazer com que a pessoa que é espancada não volte a cometer o crime.
Com a forte agressão, o tio da criança supostamente violentada, morador do Bairro Jardim Glória II, em Várzea Grande, ficou bastante machucado. Imagens de seu estado pós espancamento estão sendo divulgadas no WhatsApp (a imagem é forte).
Conforme a assessoria da Polícia Militar, uma equipe da PM foi acionada após o espancamento e chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para prestar socorro ao homem. Ele, no entanto, não quis registrar um boletim de ocorrência e se recusou a dizer quem o teria agredido. Não há informações atualizadas sobre o estado de saúde dele.
