Política

Você acredita nas pesquisas de intenção de votos?

Institutos brasileiros estão investindo na coleta de dados mais detalhados e os eleitores precisam aprender a interpretá-los

3 minutos de leitura
Você acredita nas pesquisas de intenção de votos?
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

As pesquisas eleitorais são cada vez mais utilizadas no Brasil para medir a temperatura das campanhas. Os institutos responsáveis pela coleta de dados investem tanto na estratificação socioeconômica e por gênero das informações quanto encurtam o tempo de atualização dos dados. 

Neste ano mais de um instituto tem divulgado pesquisas novas entre 7 ou 10 dias, dando uma amostra de como os candidatos, principalmente para a Presidência da República, estão evoluindo entre os mais ricos e os mais pobres, homens e mulheres, e até entre adeptos de religiões diferentes. 

A quantidade de dados tem incomodado uns, por causa da visão de suposta tentativa de influenciar o voto do eleitor, e despertado a desconfiança de outros, pela discrepância, em alguns casos, dos cenários retratados. 

Quase um século de estudos

Em ambos os casos o que é colocado em xeque são os dados. Mas isso pode ter a ver com a cultura brasileira com a novidade de tantas pesquisas disponíveis e pela má interpretação daquilo que é divulgado. 

O estatístico brasileiro Raphael Nishimura, diretor de Operações de Amostragem do Survey Research Center da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, diz que as pesquisas, principalmente aquelas realizadas pelos grandes institutos, são dignas sim da confiança do eleitor. 

LEIA TAMBÉM

Segundo ele, elas são realizadas com métodos científicos que vêm sendo desenvolvidos e aprimorados ao longo dos últimos 80 anos, inclusive por pesquisadores do Survey Research Center. 

“Claro que diferentes tipos de metodologias trazem diferentes implicações para os resultados das pesquisas. Por exemplo, pesquisas telefônicas não conseguem capturar pessoas sem acesso a telefone. Se essa parte da população for sistematicamente diferente daqueles que têm acesso com relação ao tópico que está sendo estudado, então as estimativas da pesquisa podem estar enviesadas”, explica. 

Essa seria a justificativa para se dar mais crédito às pesquisas de grandes institutos: quanto maior capacidade de coletar informações por diferentes instrumentos estatísticos, mais fiéis tendem a ser os dados à realidade. 

Dados do momento

Ele ressalva, no entanto, que os dados têm inferência de momentos. Aquilo é captado não equivale a um cenário definido, ou consolidado, por um longo intervalo de tempo, é um cenário de momento que pode ou não ter continuidade mais à frente. 

“Costumamos dizer que pesquisas são um retrato do momento, ou seja, elas procuram refletir a população no período em que são coletadas. Caso haja mudanças na opinião ou preferências da população em algum momento após esse período, as pesquisas realizadas previamente não serão capazes de capturar essas alterações. Por isso que também costumamos chamar a atenção de que pesquisas não servem e nem devem ser usadas como prognóstico”, comenta. 

O estatístico diz que essa observação deve válida até mesmo para os levantamentos divulgados dias antes da eleição. A volatidade do voto dos brasileiros só encerra quando é registrado nas urnas. Por isso, o risco de os candidatos ainda avançarem nos crimes eleitorais, como a compra de votos. 

(Com colaboração da Agência Bori)

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes