A observação de onças no Pantanal Mato-grossense é um turismo para poucos. As diárias variam entre US$ 150 e US$ 400. Um pacote básico, que inclui estadia, passeios aos pontos de fotografia e alimentação, chega a custar US$ 4 mil.

Esses números fazem parte da tese de doutorado do biólogo Fernando Rodrigo Tortato, pesquisador associado da Organização Não Governamental Panthera Brasil.

Durante o trabalho, Tortato acompanhou a receita de sete pousadas na região do Porto Jofre e chegou à movimentação de R$ 27 milhões (cotação do dia) ou US$ 6,5 milhões.

No rol de amantes do felino, os estrangeiros representam 90% e, geralmente, quando visitam o Pantanal, reservam tempo para também conhecer Chapada dos Guimarães e Alta Floresta.

“Estamos falando de pessoas em busca do ecoturismo. Elas querem ter experiência no Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica”.

Além das três paradas quase que obrigatórias dentro de Mato Grosso, a pesquisa de Tortato mostra que o estrangeiro costuma dedicar mais tempo a vinda ao Brasil.

Geralmente, passam pelos roteiros consolidados como Rio de Janeiro, antes de seguirem para Mato Grosso.

Negócio lucrativo

Com o setor em evidência, muitos fazendeiros estão associando o turismo a pecuária. Primeiro, porque o dinheiro gira mais rápido e, segundo, porque a atividade tem menos despesas que o gado.

“Lógico que não é uma solução para todos. Depende muito da localização do empreendimento. Mas, quando é viável, as duas atividades – pecuária e turismo – convivem de forma harmônica”.

O biólogo explica que as propriedades perto de rios e da estrada são mais visadas por conta da logística.

Outro ponto que estimula os empreendedores é o aumento dos felinos na mata. Com o tempo, as onças foram se sentindo seguras nas margens dos rios.

Antes, um observador poderia ter que ficar de três a quatro dias para ver uma onça. Hoje, em pouco mais de um dia, ele já consegue, com certeza.

Conforme Tortato, não há como se calcular quantas onças vivem no Pantanal. Porém, os especialistas acreditam que, nas margens e áreas alagadas, são em média oito animais a cada 100 quilômetro quadrado.

“Ele é um animal que gosta de água e se sente tranquilo na região ao saber que está protegido. São várias áreas de preservação ao longo do rio”.

Flash perigoso

Passeios no rio para observar onças são um dos principais atrativos do Pantanal Mato-grossense (Foto: Suellen Pessetto/ O LIVRE)

Quando questionado sobre a ceva das onças – o ato de deixar comida para atrair os bichos -, o biólogo disse que isso não é uma prática de quem trabalha com o turismo e nem do estrangeiro.

Ele argumenta que quem vai em busca de fotografar onça, tem um equipamento especial para isso. Sendo assim, consegue uma boa foto, mesmo estando a uma distância de 30 metros.

O problema, segundo ele, são os pescadores amadores. Muitas vezes, eles carregam consigo só o celular e jogam peixes para tentar capturar mais alguns segundos de imagens.

“Não aconselhamos este tipo de ação e deixamos claro que é proibido. Até porque a onça pode passar as ver os barcos como fornecedores de alimentos. Assim, o turista passa a ser alvo”.

Onça versus pecuária

A Ong Panthera Brasil também faz pesquisas para minimizar o impacto das onças sobre a pecuária.

Estima-se que, no Pantanal, os fazendeiros percam entre 1% e 2% do rebanho com ataques da pantera.

Fernando Tortato explica que, em números, a porcentagem representa R$ 500 mil, um valor muito inferior aos benefícios de se manter os felinos para o turismo de observação. O cálculo é referente a região de Porto Jofre, onde a pesquisa foi realizada.

Por esse motivo, a Ong está pesquisando uma série de dispositivos para afastar as onças do gado. Entre eles estão cercas elétricas e, atualmente, um emissor de flashs intermitentes para noite.

“A ideia é o animal pensar que as pessoas estão perto, o que o afasta”.

Pecuária ainda é a principal atividade dos pantaneiros, mas pode ser associada com o turismo harmonicamente (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

A Ong

Com sede em Nova Iorque, a Ong Panthera faz trabalhos em várias partes do Mundo. Atua também com leões, leopardos e tigres.

No Brasil, tem uma fazenda para pesquisa e atividades de educação no Pantanal Mato-grossense, chamada Jofre Velho.

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