Sinop comemorou no último sábado, 14 de setembro, 45 anos de fundação. É impressionante como o tempo passa rápido e transforma tudo.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado que data de tamanha importância para o município já não esteja mais no topo do planejamento das comemorações. Não vi uma linha sequer na imprensa da capital que tratasse do assunto. Lá mesmo, o principal site de notícias praticamente ignorou o fato.

As comemorações cívicas foram deixadas de lado praticamente em todo o Brasil. E à medida que o poder público municipal não incentiva que a história de cada município seja resgatada a cada ano, não só para lembrar aos que lá estão e que viveram cada instante do passado, como testemunhas oculares, para mostrar àqueles que vieram depois que ali não é uma terra que surgiu do nada e que muitos deram sangue, suor e lágrimas para que as conquistas acontecessem e oportunizasse a vinda de novos para ajudar na luta do desenvolvimento.

Hoje, em Sinop, à exceção do Prof. Luiz Erardi Ferreira dos Santos, que faz um trabalho hercúleo e quase sem qualquer apoio para manter vívida a história do município por poucos aproveitada, não se sabe de outro nome e nem de qualquer ação do município para criar um museu da imagem e do som aproveitando o relato daqueles que ainda lá vivem, o que não será por muitos anos com certeza. Arrisco dizer aqui que nem mesmo a rede municipal de ensino tem a história de Sinop na sua grade curricular.

Uma cidade que aos 45 anos chega a uma população de aproximadamente 160 mil habitantes, tem na sua grande maioria gente que chegou depois do surto de desenvolvimento e nem sequer se interessou o que foi o fenômeno da “explosão”  que poucos acreditavam e que a transformou na metrópole que é hoje.

Como já falei em artigo anterior e não custa relembrar, Sinop foi obra do acaso, da falta de planejamento e do desconhecimento da região por parte de seus fundadores, Enio Pipino e João Carvalho. A aposta era em Vera, município que na sua inauguração em julho de 1972, levou a uma pequena clareira no coração da Amazônia uma quantidade de autoridades jamais imaginada. De ministros de estado, governador, senadores, deputados federais e estaduais. Era a influência de Enio Pipino durante o governo militar.

Nesta dia, algum gajo que por lá estava, deve ter dito: se há uma BR (Cuiabá-Santarém) que fica a apenas a 32 quilômetros de distância jamais o progresso e desenvolvimento sairá do leito da grande estrada para adentrar na mata. Por que não se pensou em uma cidade à margem da BR163?

E foi assim, às pressas que surgiu a “Cidade Sinop”, fundada em 14 de setembro de 1974, quando era apenas um canteiro de obras de não mais do que 20 quadras. Elevada à categoria de distrito municipal de Chapada dos Guimarães em julho de 1976 pelo então governador Garcia Neto e elevada à condição de município em 17 de dezembro de 1979 pelo governador Frederico Campos.

Como não se havia pensado em um nome para a cidade, ficou com o nome da Colonizadora: cidade Sinop, que marcou tanto pelo desenvolvimento já de início, graças à implantação da Sinop Agroquímica, que o melhor que fizeram foi tirar do nome a palavra “cidade”, ficando, pois, apenas SINOP em definitivo.

A grande disputa e por consequência uma grande rixa era com o município de Alta Floresta, fundada à mesma época pelo também grande colonizador Ariosto da Riva. Se Alta Floresta o ouro era o grande fator de desenvolvimento, Sinop tinha na madeira o seu grande potencial econômico, chegando a se tornar o maior polo madeireiro do Brasil, com mais de 600 serrarias. Não havia motosserra em quantidade necessária para  derrubar a floresta e construir o desenvolvimento.

As comemorações dos 45 anos só preservaram praticamente os Jogos Olímpicos e shows populares no Centro de Eventos que tive a honra de conseguir os recursos enquanto deputado federal. Da história mesmo, nada. Uma pena porque muito há a ser contado. E eu voltarei ao assunto.

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*Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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