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Racismo e preconceito: um panorama geral sobre o caso do congolês Moïse

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Racismo e preconceito: um panorama geral sobre o caso do congolês Moïse

Recentemente o debate, não só sobre o racismo, mas sobre o preconceito de maneira geral foi reacendido no país, devido à covardia praticada contra o imigrante congolês Moïse Kabagambe.

No dia 24 de janeiro deste ano de 2022, Moïse foi assassinado brutalmente por espancamento de diversos homens, proprietários de um quiosque de praia na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O congolês estava, já de forma confirmada por diversos órgãos de investigação pública, com salário e pagamentos atrasados por seus serviços no quiosque em questão. Após ir cobrar os donos em relação à dívida, Moïse foi espancado até a morte.

Antes de compreender um pouco mais sobre o caso do congolês Moïse Kabagambe, é importante entender as sutilezas que movem o preconceito no Brasil. Manifestações preconceituosas que começam com piadas e opiniões, muitas vezes escalam.

Em um país tão miscigenado como o Brasil, o preconceito atua de maneira sutil e, muitas vezes, travestido como uma opinião, uma piada ou um discurso.

Preconceito com nordestinos e nortistas, a xenofobia, a gordofobia, a transfobia, a homofobia, o racismo e diversos outros caem no cesto do preconceito, por bem ou por mal. No entanto, apesar de tão diverso, o país ainda é lar para muito preconceito.

Logo, é possível observar a necessidade e a importância de se reacender o debate sobre preconceito em diversas esferas da sociedade. Desde campanhas publicitárias, iniciativas do poder público, criminalização do preconceito e até em redações sobre o preconceito linguístico no Brasil.

É essencial tocar nestes pontos pois, certamente, Moïse, além do claro racismo, foi uma vítima da xenofobia que tanto contribui para estatísticas negativas no país.

Quem foi Moïse Kabagambe?

O imigrante congolês Moïse chegou ao Brasil no ano de 2011, aos 14 anos. Muitos já diziam que era um residente fixo de onde habitava, mais especificamente no Rio de Janeiro.

O congolês chegou com seus irmãos, tendo um irmão mais velho e um mais novo. Os três aterrissaram em solo brasileiro já sozinhos, fugindo de sua realidade na República Democrática do Congo.

De acordo com a Assistente Social que trabalhou diretamente com Moïse e seus irmãos desde sua chegada em entrevista para a G1, os três chegaram ao Brasil muito jovens e precisaram de atenção imediata desde sua chegada.

A situação na República Democrática do Congo não é das melhores já há tempos e Moïse e seus irmãos estão entre milhões de emigrantes que tentam deixar o país anualmente.

Certamente, após vários anos o nome de Moïse ainda será invocado em debates e discussões sobre o tema do preconceito, do racismo e da xenofobia.

Seu caso foi responsável por reacender o debate do preconceito no Brasil, que há muito tempo ocorre de forma velada, devido ao mito da democracia racial presente aqui. Porém, veremos ainda várias redações nota mil sobre o preconceito linguístico sobre Moïse e seus irmãos.

Quais as consequências para os autores do crime?

Este caso causou comoção em nível nacional e, como dito anteriormente, foi responsável por reacender o debate sobre o preconceito, o racismo e a xenofobia no país, sendo que ambos estão atrelados à vários outros tipos de discriminação.

Mas, para os autores do crime e responsáveis pelo homicídio brutal de Moïse Kabagambe, quais serão as consequências?

De acordo com reportagem especial publicada na CNN Brasil, o ministério público já foi capaz de identificar e prender os agressores de Moïse. No entanto, falta a identificação de 7 outras pessoas presentes em gravações de vídeo do quiosque Tropicália.

A identificação destas pessoas é essencial. De acordo com procuradores públicos e investigadores envolvidos no caso em entrevista para a CNN, é necessário averiguar se estes indivíduos atuaram de alguma forma ou se estão envolvidos em algum outro crime.

Quais serão as reparações legais para a família Kabagambe?

Enquanto esta reportagem é redigida, a família de Moïse resolve na justiça quais serão as reparações legais mediantes ao homicídio por parte dos proprietários do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca.

Inicialmente, a família ficaria com o quiosque para si para operar e trabalhar da forma que melhor lhe convir. No entanto, de acordo com o irmão de Moïse, Djodjo, a segurança é um fator que coloca a negociação em cheque.

A família Kabagambe não teria interesse, então, em permanecer no quiosque onde o homicídio foi cometido. A resolução, já aceita pela Prefeitura do Rio de Janeiro, para o caso seria então a cessão de outro quiosque para a família, localizado em outra parte do Rio.

Casos como o de Moïse ocorrem diariamente em todo o Brasil, movidos principalmente pelo preconceito cego e ignorante. É essencial que este caso traga luz ao debate do racismo e seja responsável pela criação de políticas de punição efetivas para autores de crimes de ódio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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