Cuiabá, que sempre teve a fama de hospitaleira, hoje, aconselha os viajantes a não ficarem. O motivo? A pandemia do coronavírus. Pelo menos foi assim nas barreiras sanitárias implantadas nesta quarta-feira (8) nas entradas da cidade – BRs 163/364 e MTs 010,251,040.
Quem estava em direção aos outros Estados, tinha o trânsito livre. Já quem seguia em direção à Capital precisava passar pelos agentes público. Eles checavam a temperatura e, caso fossem pessoas em trânsito, orientavam a não parar.
Já os que informavam que iriam ficar – mesmo sabendo que a cidade tem pico da doença -, eram informados da necessidade de isolamento residencial.
Na MT-251, acesso a Chapada dos Guimarães, os carros de passeio eram parados, porém os ônibus, vans e caminhões seguiam sem problemas.
Enquanto as pessoas respondiam um questionário com perguntas como de onde vem e para onde vai, um produto era jogado nos pneus e maçanetas dos veículos para desinfecção.
O gerente João Vitor Pinto, 38 anos, acredita que a ação é importante, mas aconteceu muito tarde. Segundo ele, desde o começo da pandemia, em 26 de março, o fluxo na rodovia é intenso.
“É a primeira vez que paro aqui e acho importante a ação, mas não sei se terá um resultado tão grande. Se começasse antes, teria ajudado mais”, avalia.
Desacreditados
Muitos motoristas que paravam, acreditavam que a ação era benéfica. No entanto, insistiam em desafiar o vírus. Estavam sem máscaras de proteção e usavam sempre aquele argumento de “ir bem ali” para não se proteger.
O feriante Roni dos Santos Bruno, 28, seguia com a família em um carro onde todos estavam sem máscaras. Ele disse que não achou importante porque a família dele fica no sítio, em isolamento, e iam para casa de amigos, em outro propriedade rural.
Uma das agentes até tentou conseguir alguma máscara para doar para ele, no entanto, na barreira não havia nenhuma disponível.
Uma motorista que estava em outro carro viu o que acontecia e doou algumas peças sobressalentes que aguardava.
Como é para a polícia
Os militares Wagner Augusto e Leandro Soares contam que a máscara passou a fazer parte da farda. Relatam ainda que existem protocolos para o trabalho na rua, mas eles atuam com o imprevisto sempre.
Segundo os policiais, o maior risco está nos atendimentos a acidentes de trânsito e nos casos que envolvem motoristas embriagados. Porém, ainda existem os que já tomaram o vírus por um sentimento de falsa normalidade e acreditam que a letalidade é uma mentira.
Na BR
Para os carros de passeio, a parada era obrigatória. Porém, caminhões e ônibus tinham a parada do amostragem.
As agentes da Vigilância Sanitária marcavam o “X” no formulário enquanto faziam a entrevista. Em caso de pessoas com temperatura acima de 37º, o procedimento já é um pouco mais criterioso.
Envolve os sintomas que já apareceram, os remédios tomados e ainda a assinatura de um termo de consciência, no qual a pessoa se compromete a ir buscar auxílio médico.
Conforme o protocolo de atendimento, as informações serão levadas às unidades de saúde básica, que depois vão em busca do paciente para saber as medidas que ele tomou.
A barreira
A ação é uma das medidas empregadas pela Prefeitura de Cuiabá na tentativa de conter a proliferação do coronavírus. Ela começou nesta quarta-feira e não tem previsão para terminar.
Vale lembrar que, desde a semana passada, a Fundação Fiocruz considera a Capital mato-grossense o epicentro da doença no Brasil.