O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou esta semana o investimento de R$ 370 milhões em obras em rodovias e estradas de Mato Grosso para melhorar a infraestrutura do escoamento da próxima safra.
Os serviços devem ser executados em trechos das rodovias federais BR-364 e BR-163, na região norte de Mato Grosso. O cronograma anunciado pelo ministro contém:
- 51 km no contorno norte de Cuiabá e Várzea Grande (BR-163 e BR-364)
- 385 km de recuperação de rodovia na BR-364
- 184 km de recuperação de rodovia na BR-364 (licitação nova)
As rodovias são estratégicas para o escoamento de soja e milho produzidos em Mato Grosso. Os serviços serão executados pelo Ministério da Infraestrutura, dentro do plano de 100 dias de governo, mas o dinheiro sairá do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O governo federal resolveu incluir o investimento, que somará cerca de R$ 2,7 bilhões em todo o país, no Plano Safra, um conjunto de linhas de empréstimos de dinheiro para pequenos e médios produtores e para a agricultura familiar.
A inclusão das obras no Plano Safra é uma novidade do governo para tentar amenizar as perdas de produção e veículos no transporte de cargas do agronegócio daqui para os portos de saída de Brasil.
A segunda novidade é a antecipação de abertura do Plano Safra no começo do ano. Os produtores começam a contratar empréstimos geralmente em julho de cada ano.
Estagnação da mobilidade
Mas, a solução para infraestrutura do agro pode ter um impacto menor do que o esperado. A precariedade da mobilidade de transporte é um problema crônico no país e afeta diretamente o mercado.
Tecnicamente, a quantidade de toneladas de grãos saída das fazendas geralmente não é a mesma que chega aos portos. Parte da carga fica pelo caminho.
“O governo federal inovou, mas está resolvendo uma situação emergencial. O bode subiu no telhado, e agora está se tentando amenizar a situação. Mas, é preciso considerar uma questão de degaste da própria infraestrutura que limita o tempo de validade de obras nas rodovias”, explica o presidente da Câmara de Crédito, Seguro e Comercialização do Mapa, Thiago Rocha.
Ele diz que o Brasil precisa investir em alternativas de transporte. De hidrovia à ferrovia, os caminhos precisariam se diversificar para aumentar a agilidade de transporte e assegurar caminhos abertos para o caso de desgaste um ramal.
“Isso não resolve somente o problema do agronegócio, porque a hidrovia, a ferrovia não vai transportar somente carga, as pessoas também vão ter uma alternativa de viagem. Nós precisamos encontrar meios sustentáveis que mantenham a economia funcionando”, comenta.
Efeitos de logística
Em 2020, em meio à pandemia, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) divulgou que 54% do que foi produzido em soja e milho no estado foram vendidos para outros países, são cerca de 20 milhões de toneladas.
A metade disso saiu do país pelos portos na região norte, arco de infraestrutura que inclui as BR-163 e BR-364. O uso mais intenso desses caminhos para a exportação era novidade e o motivo seria as condições melhores das estradas.
A avaliação do Imea foi de que a infraestrutura melhor baixou o preço dos fretes e o transporte ficou mais em conta.