Política

Por que a quantidade de ministérios muda a cada novo governo?

Definição de quantos ministérios existem passa pela importância que cada presidente dá às áreas de ações e pelo tamanho do espaço para acomodação de aliados

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Por que a quantidade de ministérios muda a cada novo governo?
(Foto: Reprodução/Arquivo/Agência Brasil)

Fim das eleições, transição de governo e a discussão sobre o tamanho das despesas públicas com ministérios volta a aparecer. A equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diz que avalia aumentar a quantidade de ministérios dos atuais 23 para 33. 

O número do acréscimo está em aberto. A quantidade depende das áreas de políticas públicas que o próximo governo entende que vão merecer mais autonomia para agir e do tamanho do espaço para a acomodação política de aliados. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez promessa de reduzir a quantidade de ministérios para 18 durante a campanha que o elegeu em 2018. Mas, chega ao fim do mandato com 23.  

Durante o percurso ele criou superministérios com acúmulo de atribuições em um único posto. O exemplo mais enfático é o Ministério da Economia, antigo Ministério da Fazenda, que absorveu as áreas de trabalho e planejamento às ações da economia. 

Antes dele, o presidente Michel Temer (MDB) chegou a ter 27 ministérios.  

A função dos ministérios

A advogada Juliana Zafino, presidente da Comissão de Direito Administrativo da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), diz que não existe nenhuma lei que limita o número de ministérios em funcionamento. 

Eles são criados ou extintos de acordo com o plano de gestão de cada presidente em exercício.  

“O exemplo mais claro para visualizar as atribuições é pensar no estado como uma grande empresa. Os ministérios são as diretorias, tudo o que se decide dentro dessa diretoria passa pelo ministro, no caso. Dentro das diretorias existem os departamentos responsáveis por áreas específicas; esse é o trabalho das secretarias especiais dentro dos ministérios”, explica. 

A analogia do setor privado pode ser estendida para a análise da quantidade de diretorias e os gastos que elas vão gerar para serem sustentadas. Quanto mais diretorias, mais funcionários serão necessários para fazer os serviços engrenarem e maiores serão as despesas. 

“É uma questão simples: se tem uma nova diretoria, é preciso infraestrutura, pessoal, materiais para fazer essa diretoria funcionar. Se ela estiver absorvida por outra diretoria, o custo com tudo isso cai”, explica a advogada. 

Conforme Juliana Zafino, as regras sobre os ministérios e secretarias estão nos artigos 48, 61, 84 e 88 da Constituição Federal. As normativas estabelecem à Presidência, exclusivamente, decidir quantas ministérios e secretarias são criados a cada governo. O arranjamento deve ser feito via decreto. 

Exemplo do lado político 

Os trabalhos de transição de Lula estão divididos em 31 áreas técnicas ou temáticas, com até quatro membros cada uma. A avaliação é que o organograma já pode ser um espelho dos ministérios que serão instalados a partir 2023. 

Os nomes dos ministros ainda não foram definidos. Lula diretamente e a equipe de transição estão em trabalho de atrair partidos e políticos para a base de apoio, para garantir a governabilidade. A confirmação de qualquer ministro neste momento pode reduzir as chances de apoio.   

O objetivo é tentar acomodar o maior número possível de aliados, delegando a apoiadores de campanha e partidos os cargos mais importantes dentro dos ministérios e das secretárias especiais por articulação política da nomeação. 

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