As pessoas são fascinadas, loucas por dinossauros. Essas criaturas fantásticas – que  lembram um lagartão terrível – povoaram o planeta até 66 milhões de anos atrás, quando um evento catastrófico provocou sua extinção em massa, deixando vivos apenas alguns espécimes emplumados: as aves.

A ideia de reviver os dinos capturaram a imaginação popular, sendo parte da cultura pop. E mesmo que, eventualmente, cientistas descubram ovos petrificados de dinossauros, eles reinam mesmo é no mundo da fantasia, tendo sua maior glória no filme Jurassic Park, de Spielberg, 1993. Além desta, também gostamos de manter outras ideias utópicas apenas para acalentar nosso coração: por exemplo, a geração fácil de riqueza com o agronegócio.

O agronegócio é sim um grande (e porque não dizer o maior) gerador de riquezas do país; mas não de maneira automática ou sem esforço. O salto qualitativo alcançado pela agricultura brasileira a partir dos anos 70 é prova disso e trouxe o Brasil à safra recorde de 2023, alcançando 313,3 milhões de toneladas, que é 19,0% maior do que a do ano passado.

A superabundância foi conseguida na base do aumento da área cultivada, da tomada de decisões corretas, da utilização de técnicas e tecnologias acertadas e do investimento em ciência e tecnologia; com destaque para a produtividade, que evoluiu em média 13,5% em todo o território nacional; e a alta na produtividade foi impulsionada pela melhor distribuição das chuvas, mas não somente por isso.

Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos transformando-se em um dos principais players do agronegócio mundial. Hoje se produz mais em cada hectare de terra, um aspecto importantíssimo na preservação dos recursos naturais e o que fez a diferença foram os investimentos em pesquisa agrícola, a assertividade de políticas públicas e a competência dos agricultores.

A “sorte” dos brasileiros para ganhar dinheiro com o agronegócio, responde por nomes bem mais específicos, como satélites e sensores para a coleta remota de informações, sistemas de informação geográfica dirigidos por algoritmos, para o processamento de imagens, veículos aéreos não tripulados, soluções de armazenamento de dados em nuvem… essas são algumas das tecnologias amplamente utilizadas para lidar com a complexidade de uma agricultura conectada e baseada na informação digital.

A agricultura de ponta exige combate sem trégua aos problemas que persistem como, por exemplo, recuperar os milhões de hectares de solos e pastagens degradados, implantar largamente o uso eficiente da água na irrigação, tornar-nos um país auto-suficiente no quesito fertilizantes e adequar o uso dos agroquímicos para que deixem de oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente. Para alguns destes, bastará baratear e distribuir a solução disponível; para outros, ainda é preciso inventar.

Se conscientes, os agricultores brasileiros podem conjugar a responsabilidade da produção de alimentos e o meio ambiente; compondo o setor produtivo mais moderno do mundo, sendo decisivos para a economia nacional. Não ficam esperando a sorte chegar, nem procurando ovos de dinossauro.

***Andréa Ferraz Fernandez é jornalista. Tem doutorado na área da Ergonomia da Informação e pós-doutorado em Comunicação Audiovisual, pela Universidade de Málaga, Espanha. É docente da Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, lecionando nos Programa de Pós Graduação em Estudos da Cultura Contemporânea (ECCO), no Programa de Pós Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) e no Curso de graduação de Cinema e Audiovisual.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes