As peças se mexem no jogo segundo a estratégia de cada parte. A estratégia está ligada a capacidade de monitoramento, coleta de dados, análise correta dos vetores (que depende basicamente do “status” do Sistema de Crenças do analista), conclusão adequada, e pôr fim a produção do conhecimento visando a modelagem de cenários prospectivos que permitam ao gestor antecipar-se ao adversário. A metodologia sendo aplicada corretamente leva, com alta probabilidade de acerto, ao diagnóstico e cenário mais provável.

Eu já havia alertado sobre esta crise que se aproxima em 23/12/2014, no artigo intitulado “Momento Estratégico Global Crítico e a Carta Brasil”, quando escrevi: “Nas projeções de cenário para os próximos anos, algumas reveladas no meu último artigo citado acima, fica bastante clara a alta probabilidade da eclosão de uma grave crise financeira, pior que a de 2008, e de um conflito bélico em escala considerável. O que virá primeiro, ou qual dará origem ao outro, é um entendimento ainda não pacificado; entretanto está pacificado que não existe mais o “se” vai acontecer, a questão agora é apenas “quando”. Penso que a crise, artificialmente projetada, detonará o conflito já esperado.” (grifo meu atual). Escrevi este texto há quase seis anos.

Até mesmo a “grande” mídia brasileira agora já reflete este entendimento, que está se tornando evidente – vide https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/18/como-a-alta-no-preco-do-ouro-alimenta-os-temores-de-uma-recessao-global.ghtml.

Na reportagem do Globo é citado: “”O mercado está se preparando para uma mudança de ciclo e isso tem feito (o preço do) ouro disparar”, diz Javier Molina, porta-voz da plataforma de negociação de moedas eToro. Como acontece em todas as crises, o precioso metal segue sendo uma das pistas a serem analisadas com cuidado quando o cenário econômico global se deteriora – que parece ser o caso agora.” E segue dizendo vários fatores que já salientamos em nossos artigos.

Quanto a compra de ouro como estratégia para se proteger da crise por parte dos países, além de meus artigos anteriores, você pode olhar a matéria https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/exportacao-de-ouro-bate-recorde-no-brasil-com-temor-de-recessao-global.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa. Na reportagem mostra que o Brasil exporta praticamente todo o ouro que produz “oficialmente”. Sua produção é estimada em 97,1 toneladas e ele exportou em 2018 algo em torno de 95 toneladas. Claro que estes números não contabilizam a produção e envio ao exterior de forma “irregular”, que certamente é um montante considerável.

No meu artigo intitulado “Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil”, escrito em 13/11/14, eu já avisava que Rússia e China estavam comprando ouro numa voracidade sem precedentes e citei a seguinte declaração de um parlamentar russo: “Quanto mais ouro um país tem, mais soberania ele terá se houver um cataclismo com o dólar, com o euro, a libra ou qualquer outra moeda de reserva” declarou Evgeny Fedorov, um parlamentar do Partido Para Rússia Unida, de Vladimir Putin.”

Como já destaquei em meus artigos o Brasil alimenta a “fome” mundial dos países por ouro para se blindarem da crise iminente e fica sem ouro em suas reservas – vide meus artigos anteriores da Série Xeque-mate. É impressionante que nossas reservas estejam praticamente desguarnecidas do metal precioso mais procurado por todos os países (vide meu artigo “O xeque-mate se aproxima célere”), e do qual somos produtor.

Portanto, minhas previsões já existem e estão documentadas a quase seis anos, prevendo o cenário que ora se consolida. O sábio teria analisado as premissas expostas à época e, encontrando o fundamento, teria tempo hábil para se preparar para o evento, como os EUA fizeram – vide meu artigo “O xeque-mate antecipa o contra-ataque”. Na época avisei e ofereci blocos de conhecimento para um Plano de Ação preventivo. Todavia, a Imunização Cognitiva cumpriu seu papel. O Brasil encontra-se totalmente vulnerável a crise que se aproxima e isso não pode ser uma simples “coincidência”. Ele não tem reservas cambiais, base jurídica adequada, ativos (tropas, equipamentos, etc….) para contenção e detenção, planejamento, etc….  O preço será elevado, não só em bens materiais, mas em vidas. Ignorar ou fingir não ver não vai evitar o evento.

Se desejarem se aprofundar nos temas estratégicos podem ler meus artigos de 2013 e 2014.

No tabuleiro não há lugar para amadores, soberbos ou ingênuos, exceto se for para cair. Olhando o movimento das peças no jogo é possível perceber que um dos pilares de apoio ao Governo Trump é a economia. Tirar Trump do poder, e ele tem contrariado diversos interesses poderosos, implica acabar com a percepção de que a economia vai bem. Assim, o que a “oposição” precisa desesperadamente é que a recessão/crise comece no segundo semestre de 2019 ou, na pior hipótese, no primeiro semestre de 2020. É necessário haver tempo para que os estadunidenses tenham verdadeiramente sentido o sofrimento na carne quando a eleição chegar. Todavia, no embate para tirar Trump e outros, sobrará para aqueles que se alinham com ele (como o nosso Presidente), mas não tem a mesma retaguarda que ele.

O analista Mike Adams escreveu: “que a luta pelo poder, está chegando a limites, que se ultrapassados, desencadearão uma grave crise global com provável ruptura do tecido social em muitos países e um crash mundial sem precedentes.” A grande maioria dos analistas bem posicionados entendem que a disputa entre China e EUA, as duas maiores economias do mundo, chegou a um ponto sem retorno, notadamente após a explosão de protestos em Hong Kong, que a China atribuiu à inteligência dos EUA. Para dar fundamento a sua alegação a China usou uma foto de uma funcionária do Departamento de Estado – Julie Eadeh, reunida com os “líderes” dos protestos. O que importa é que as “diferenças” entre as duas maiores potencias econômicas do planeta chegaram a um ponto de difícil, praticamente impossível, reversão.

Um dos líderes pró-independência de Hong Kong, Chen Haotian, sugeriu em 16/08/19 uma corrida aos bancos chineses, pedindo aos seus aliados que todos saquem seu dinheiro no mesmo dia. Observe que isto poderia causar um colapso do sistema financeiro em Hog Kong, que é profundamente interligado com o sistema financeiro internacional, desencadeando uma enorme incerteza nos mercados globais.

Conforme a Fox Business, um dos indicadores favoritos de Wall Street de uma recessão iminente é o spread entre os rendimentos do Tesouro de três meses e de 10 anos. Ao olhar para o gráfico abaixo fica evidente uma séria advertência sobre a mais grave recessão desde 2007 se aproximando.

Enquanto isso, o rendimento dos bônus de 30 anos do Tesouro americano atingiu seu ponto mais baixo, com exceção apenas a julho de 2016.

“Passamos de um certo grau de incerteza para mais um monte de incertezas”, disse Fraser Howie, com mais de 20 anos de experiência nos mercados financeiros. Esta perda consistente e longa no rendimento dos bônus de 30 anos do Tesouro americano demonstra uma diluição da confiança nos EUA poder honrar seus compromissos, sendo que o Brasil mantém “credulamente” papeis desta natureza em suas reservas, no lugar de ouro físico.

Existem muitos catalisadores que podem deflagrar os acontecimentos. Na questão de segurança interna dos EUA um deles pode ser quando James Comey (foi o sétimo diretor do Federal Bureau of Investigation de 2013 até sua demissão em maio de 2017) e John Brennan (ex diretor da CIA também demitido em 2017) forem oficialmente indiciados e presos. Isso poderia iniciar uma série de detenções com base nos processos selados, com a consequente reação da parte contrária. Tudo leva a crer que uma combinação de crise econômica, radicalização da disputa política interna e um grande número de armas disponíveis (estima-se que milhões de estadunidenses têm em seu poder cerca de 393 milhões de armas) poderão levar os EUA a uma Guerra Civil, cuja projeção da extensão e profundidade está sendo aprimorada permanentemente, uma vez que este cenário prospectivo não é novidade.

No meu artigo intitulado “Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil”, escrito em 13/11/14, eu já alertava que haviam projeções preocupantes quanto a cenários futuros.  Na época escrevi: “Neste trabalho de projetar cenários nos defrontamos com as surpreendentes previsões, sobre vários países, da página Deagel.com, que é uma página respeitada por oferecer dados da aviação civil e militar, armamento e exércitos, mísseis e munição, tecnologia militar e aeroespacial e outros dados estratégicos e econômicos. Para cada país, a Deagel.com realiza uma previsão estimada de seu nível de população, sua renda per capita e seu Produto Interno Bruto previsto para o ano de 2025.” É interessante notar que em 2014 o site fazia previsões que os EUA teriam em 2025 uma população de 69 milhões e um PIB de US$ 921 bilhões (contra uma população em 2013 de 316 milhões e um PIB de US$ 17 trilhões).

A Deagel.com, pouco tempo depois de ter postado o estudo, retirou-o rapidamente do site. Todavia, temos um print da tela:

Claro que vários jogadores ficarão de “camarote” observando e aguardando sua vez de desferir um xeque. A infraestrutura é uma fraqueza a ser explorada, notadamente a questão da energia. Imaginem um país sem energia elétrica por uma semana?

Como frisei a imensa maioria dos movimentos das peças no tabuleiro pode ser prevista. No meu artigo “A Atividade de Inteligência Militar, os Governos Civis e o Cenário Atual – I” em 13/10/13, eu escrevi que havia “portas dos fundos” por onde eram roubadas informações. Em 2018 uma executiva chinesa foi presa e os EUA não esconderam sua preocupação de estarem sendo “espionados” pelos chineses – https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/12/06/huawei-por-que-a-gigante-chinesa-virou-alvo-de-varios-paises-e-teve-executiva-presa-no-canada.ghtml.

O tempo está passando e não vai esperar os incautos. Existe um antigo adágio: “casa que falta o pão todo mundo grita e ninguém tem razão”.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Luiz Antonio Peixoto Valle é Professor e Administrador de Empresas.

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