A mania de tirar autorretratos com smartphone e, em seguida, publicá-los nas redes sociais, pode transformar você de conectado a viciado em selfie.

Um número crescente de pessoas vem sendo acometido pelo vício e quem faz mais de seis selfies por dia tem a intitulada “selfiti crônica”.

Um documentário da BBC chamado “A gente vive assim”, que aborda questões relativas a adolescentes, conta a história de Danny Bowman, o primeiro caso de vício por selfie registrado na Grã-Bretanha.

O vício pela “selfie” perfeita levou esse jovem de 13 anos à marca de 200 selfies por dia, na tentativa de publicar algo que lhe agradasse e lhe rendesse popularidade. Mas o resultado não foi o esperado e, em vez de seguidores, Danny ganhou “haters”, que comentavam sobre suas acnes, tamanho do nariz e outras imperfeiçoes. Resultado? Danny perdeu quase 30 quilos, abandonou a escola e tentou o suicídio.

Antes que alguém pergunte onde estavam os pais desse garoto: a mãe do jovem conseguiu salvá-lo e o encaminhou para um tratamento intensivo de terapia para controlar o vício em tecnologia e o Transtorno Dismórfico Corporal, um tipo de ansiedade excessiva com a aparência pessoal. E hoje Danny, que está na faculdade, participa de grupos de apoio.

Outros casos de crianças e jovens viciados em selfie chamam a atenção pela aparência embonecada das fotos – e muitos dizem recorrer a procedimentos estéticos como o botox para parecerem mais “bonitos” diante de uma plateia nas redes.

Segundo estudos, o córtex frontal do cérebro é o responsável por distinguir o que é impulso do que é vício, e ele somente está totalmente formado aos 20 anos de idade, fazendo de crianças e jovens um nicho certeiro para este tipo de distúrbio.

A médica Panpimol Wipulakorn, do departamento de saúde mental da Tailândia, afirma que as selfies têm maior impacto em pessoas em desenvolvimento. Isto porque a falta de maturidade dos jovens pode criar um ambiente perfeito para uma nova geração propensa à falta de autoconfiança e de aceitação.

Sabemos que não podemos proibir o acesso à tecnologia aos jovens. Logo, o acompanhamento, auxílio e atividades em conjunto com os pais são fundamentais para criar hábitos saudáveis no uso de smartphones e outras telas.

Na verdade, a conversa cara a cara – e a checagem do que seu filho faz nas redes sociais – nunca são demais

O vício por selfies também atinge adultos que, sem perceber, passam 1/3 do dia fazendo autorretratos das mais variadas poses em busca de receber curtidas – uma vez que a popularidade tem uma correlação que engloba a aceitação como indivíduos e como participante de uma comunidade, seja ela física ou digital.

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Maria Augusta Ribeiro é profissional da informação, especialista em comportamento digital e netnografia. (Belicosa.com.br)

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