As mulheres são donas de 31% das empresas ativas em Mato Grosso, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A empresária Célia Leite, 34, que tem uma empresa de consultoria contábil, aponta as dificuldades enfrentadas pelas mulheres casadas e com filhos, que precisam se desdobrar ainda mais. “É um pouco mais difícil, mas mão é impossível”, constata.
Não é à toa que a pesquisa aponta que 27% das donas de negócios trabalham em casa e que 46% são chefes de domicílio.
Nicho de mercado
Para Eliane Chaves, diretora Técnica do Sebrae MT, apesar de haver muitos avanços na ocupação e profissões antes tidas como masculinas, as mulheres, na sua grande maioria, desempenham atividades ligadas a seus talentos.
“No universo dos pequenos negócios, temos a presença muito grande no segmento dos pequenos serviços, principalmente, voltados para alimentação, moda, cabeleireira, estética. Elas ocupam espaço na economia com os seus talentos e habilidades”.
Ao abrir a empresa, a jovem Ana Carolina de França, 33, formalizou uma atividade que já desenvolvia há quatro anos, paralela ao trabalho numa agência de publicidade em Cuiabá.
Ela conta que deixar o salário e todos os benefícios que recebia para empreender não foi tarefa fácil, mas precisava sair da acomodação e fazer alguma coisa para ela mesma, tocar o próprio negócio. “Se eu não fizer por mim, quem vai fazer?”, questiona.
A empresa dela – uma loja – começou em casa e com atendimento on-line. Depois passou para um showroom, até abrir um ponto físico em julho de 2020, bem em meio à pandemia.
Segundo ela, a crise não atrapalhou, ao contrário, até ajudou a negociar o valor do aluguel num ponto bastante concorrido.
Mais escolaridade
A pesquisa do IBGE aponta que as mulheres donas de negócios têm maior escolaridade que os homens (16% maior) e se preocupam mais em formalizar os negócios. Entre elas, 31% possuem CNPJ, enquanto no grupo dos homens, apenas 29% são formalizados.
É maior a proporção das mulheres que trabalha sem sócios (84% contra 81% no caso dos homens). Em contrapartida, os negócios conduzidos por elas são menores e é menor também a proporção de mulheres que são empregadoras. Quando têm funcionários, geralmente elas têm menos que eles.