Ativistas das causas sociais e militantes do movimento negro reúnem-se nesta quarta-feira (25) para um bate-papo na sede da Adufmat (UFMT), a partir das 19h30. A roda de conversa parte da temática “Mulheres negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver”.
O Coletivo Negro Universitário da UFMT, o Instituto de Mulheres Negras (Imune) e a Coordenação Nacional de Articulações de Quilombos são realizadores do evento que celebra também, o Dia Nacional de Tereza de Benguela, liderança do quilombo de Quariterê (MT). O evento é aberto a toda a sociedade e aos estudantes e pesquisadores universitários.
Entidades como a Assumat, Adufmat, Opan e Egbe Omorisa Sango são parceiras.
Neste mesmo dia, lideranças de vários países se reúnem para refletir a data, que celebra também, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha desde 1992.
De acordo com a doutoranda e coordenadora do Coletivo Negro da UFMT, Zizele Ferreira, o cenário ainda precisa de muitos avanços. “Afinal, temos como um dos maiores desafios do país, as questões raciais e de gênero, basta observar o reconhecimento tardio dessa data no Brasil, tais fatores são negligenciados em nossa cultura, assim como a população negra sofre com a invisibilidade, especialmente, em relação às ações de inclusão”, aponta.
Segundo Zilele, os estudos História, a exemplo, ainda contribuem muito pouco para que as pessoas aprendam, realmente, sobre as resistências quilombolas contra a escravidão, portanto, a luta é por uma sociedade justa, livre, e muito menos sabem quem foi Tereza de Benguela em toda sua magnitude.
“Somos poucas mulheres pretas nas universidades, seja como estudantes ou docentes. Somos muitas nos índices de desigualdades- De acordo com os dados extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça (de 2015), as mulheres negras no Brasil são 55,6 milhões, chefiam 41,1% das famílias negras e recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas. Mas somos contribuintes em todos os setores das sociedades. É preciso nos enxergarem e com nossas diferenças sim, pois isso é a humanidade, a diversidade”, diz.
Outra militante incansável, a professora Antonieta Luisa Costa, do Imune, ressalta os índices alarmantes de violência contra os negros. “Não basta ser negro e negra, temos que lutar por nossos direitos em toda sua plenitude. O dossiê das mulheres negras no Brasil mostra que as mulheres do centro-oeste estão entre os maiores índices de exclusão. Portanto, é urgente a implementação de políticas públicas para mulheres em MT, considerando esse quadro racial em que as pretas figuram entre altos índices de desigualdades e violências”, cobra a professora.
A professora mestre, Bendita Rosa da Costa – que é quilombola e pesquisadora do NEPRE/UFMT), adverte que há outras minorias ainda mais atingidas, como é o caso das mulheres quilombolas. Nós, mulheres negras, do campo, quilombolas, vivemos esse quadro em situações mais agravantes porque vivemos em meio aos conflitos por terra, a oferta de péssima educação e saúde para nossos familiares. Essa data e com este evento, visa despertar a população, o governo, a imprensa e os movimentos sociais para as necessidades políticas e culturais que as mulheres negras e quilombolas demandam. Nós somos vitoriosas, pois com tudo isso, sobrevivemos, resistimos e gritamos por uma sociedade que repare as injustiças cometidas. Voz nós temos, precisamos que nos ouçam”, desabafa.
Para mais informações, acesse a página de Facebook do Coletivo Negro da UFMT.