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MT está no “Vale do Silício” da alimentação global e crescerá ainda mais nas próximas décadas, diz Troyjo

A perspectiva de crescimento é apontada pelo economista Marcos Troyjo, ex-presidente do Brics, e que foi um dos palestrantes da abertura da 55ª Expoagro em Cuiabá.

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MT está no “Vale do Silício” da alimentação global e crescerá ainda mais nas próximas décadas, diz Troyjo
(Foto: Assessoria)

A população mundial está crescendo e a perspectiva é de que, nos próximos 27 anos, o planeta tenha cerca 10 bilhões de pessoas para serem alimentadas, segundo projeções da ONU (Organização das Nações Unidas). O cenário coloca o Brasil e, consequentemente Mato Grosso, em um ponto chave da produção agropecuária e perspectiva de crescimento econômico.

Na avaliação do empresário, economista e ex-presidente do banco dos Brics Marcos Troyjo, a região em que MT está inserida pode ser chamada de um “Vale do Silício da alimentação”. Os apontamentos foram feitos ao LIVRE ontem (10), na abertura da 55ª Expoagro, em Cuiabá.

“É quase como se fosse possível pegar um compasso, colocar agulha no Centro-Oeste, aqui em Mato Grosso e girar, aí você marca Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná. É como se essa região fosse comparada ao Vale do Silício, o Vale do Alimento”, ressalta o economista.

Marcos Troyjo palestrou na abertura da 55ª Expoagro.

FATORES DE IMPACTO

Esse alto patamar em projeções positivas é construído em cima de 4 fatores, avalia Troyjo. O primeiro fato é de que a maior parte da economia global nos próximos 10 anos pertencerá aos países emergentes e não aos já tradicionalmente desenvolvidos.

Aí é encaixado o segundo fator: grande parte dos países emergentes tem uma grande população para alimentar. “A China tem 1,4 bilhão de pessoas; a Índia recentemente se tornou o país mais populoso do mundo; 270 milhões de pessoas na Indonésia, 110 milhões no Egito. Ou seja, as economias emergentes crescem mais, mas crescem a partir de uma base populacional maior”, diz Marcos.

Projeção da população mundial em 2050 – Fonte: ONU

O terceiro ponto na avaliação do economista é que países emergentes consomem mais alimentos quando experimentam avanço na economia. “A economia e a literatura mostram que, nesse processo, a renda incremental, ou seja, adicional, vai para o consumo de alimentos, as pessoas não apenas comem mais, mas consomem melhor”, afirma.

O quarto ponto é a peça chave para o Brasil e Mato Grosso, já que estão entre os maiores produtores do mundo, sem que o crescimento populacional interfira na balança. Em termos simplórios, a região vai alimentar o excedente populacional dos outros países, num futuro próximo.

“O quarto elemento é quase dramático. Nos próximos 27 anos, a população mundial vai acrescentar 2 bilhões de pessoas. Em 2050 serão 10 bilhões. E aí vem a pergunta: onde que tantos alimentos serão produzidos? Se você olhar quem são os 4 maiores produtores de alimentos hoje, EUA tem déficit na balança comercial; China é a maior produtora mundial de alimento, mas com muitas bocas para alimentar; a Índia é o país mais populoso do mundo e tem uma agricultura ainda sem tecnologia”, projeta Troyjo.

PROJEÇÃO NA PRÁTICA

Mato Grosso sozinho já é um dos maiores produtores de grãos do mundo. Se o estado fosse um país, por exemplo, teria a 4ª maior produção do planeta. O cenário projetado por Troyjo já é realidade no agronegócio do estado – com a China sendo uma das maiores compradoras da produção.

Conforme a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o agronegócio brasileiro exportou US$ 159,09 bilhões em 2022. Milho e Soja foram as principais culturas negociadas. A China é o principal destino desses produtos, tendo participação de 31,9% do total exportado (US$ 50,79 bilhões).

Ainda na avaliação de Marcos, a abundância de recursos naturais coloca o país como um grande player mundial. “O Brasil tem a confluência de grande abundância de insumos fundamentais para agricultura, que são a água e a terra. Então o país ocupa um lugar de grande destaque nesse próximo 1/4 de século por conta dessas características”, finaliza.

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