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Mato Grosso tem um diagnóstico de câncer ginecológico a cada dois dias

Este ano, 213 mulheres receberam o resultado positivo para a doença

6 minutos de leitura
Mato Grosso tem um diagnóstico de câncer ginecológico a cada dois dias
(Foto: Freepik)

Em Mato Grosso, um diagnóstico de câncer ginecológico é dado a cada dois dias. Segundo os dados do TABNET DATASUS, sistema de informação do Ministério da Saúde (Painel Oncologia), 213 mulheres receberam o resultado positivo para a doença de janeiro até o dia 20 de setembro. 

Os números chamam a atenção para a necessidade de uma observação à saúde feminina, ainda mais neste mês, o Setembro Verde, voltado à prevenção do câncer ginecológico.

O maior índice de registros é com relação ao câncer do colo do útero, mais conhecido como HPV (Papiloma vírus) com 177 casos, seguido do câncer de ovário, com 32 notificações e 4, do corpo do útero (endométrio, principalmente), conforme os dados repassados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).

HPV

A cirurgiã oncológica Danielly Gobbi, da Clínica Oncomed, explica que o câncer do colo de útero é o mais incidente, como demonstram os dados, e as mulheres mais jovens e sexualmente ativas são as mais acometidas, principalmente, com idades entre 35 e 40 anos, como tem sido visto nos consultórios.

Por outro lado, esse tipo oncológico é evitável, uma vez que há vacina e, há poucos dias, o governo federal ampliou o público que pode ser vacinado. 

Agora, conforme o Ministério da Saúde, o imunizante, que conta com duas doses, é direcionado a meninos e meninas de 9 a 14 anos, na rede pública. O ideal é que seja aplicada antes da atividade sexual, quanto mais cedo a vacinação, melhores serão os níveis de proteção alcançados.

“Na rede particular também é oferecido a um público maior. Para as mulheres até os 45 anos e homens até os 26 têm benefício dessa vacinação, mesmo que já tenham vida sexual ativa”, informa a médica. Na vacina contra o HPV os títulos de anticorpos são muito maiores do que os da própria infecção.

Até mesmo a mulher que já teve algum tipo de câncer, de acordo com Gobbi, a indicação é para que tome a vacina para ficar imune aos demais tipos existentes. Isso porque, mesmo que a mulher retire o útero por uma lesão maligna ou não, ainda podem aparecer lesões na vulva ou vagina causadas pelo mesmo subtipo de HPV que a infectou anteriormente, frisa a cirurgiã.

A transmissão do HPV depende de um contato com a genitália, não precisando necessariamente que seja por meio de relação sexual e o tempo de latência, ou seja, o tempo de contaminação e manifestação, depende da imunidade da mulher.

“Quando entramos em contato com o vírus do HPV, seremos portadores e como ele vai se desenvolver, vai depender da imunidade, carga viral e subtipo do vírus”, destaca a médica.

Ovário e endométrio

Danielly Gobbi, cirurgiã oncológica da Oncomed, orienta sobre os cuidados a serem tomados quanto aos tipos de câncer ginecológico (Foto: Divulgação / Assessoria)

Dentre os tumores ginecológicos mais comuns, os ovarianos e do endométrio (tecido que reveste a camada interna do corpo do útero) são os mais complicados, pois não há exames de rastreio.

“Não tem um intervalo certo, como de útero e mama para o rastreio de rotina. Sabemos que esses tumores podem evoluir em períodos incertos, até mesmo em menos de um ano”, diz a médica. “Apesar dos esforços, testes de rastreio não mostraram nenhum efeito sobre as taxas de cura do câncer de ovário, de acordo com análise recente realizada pela Força Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF)”, complementa.

Quanto aos casos de câncer de ovário, a médica explica que aproximadamente 80% são benignos e ocorrem em mulheres jovens com idades entre 20 e 45 anos de idade. O risco de ser um tumor maligno de ovário aumenta com a idade, a partir dos 45 a 65 anos de idade.

Já o câncer de endométrio, a manifestação e característica mais comum, destaca Gobbi, é quando a mulher entrou na menopausa. Aí, um tempo depois, apresenta um sangramento uterino anormal. Nesse sentido, as estatísticas apontam que geralmente esse câncer ocorre em mulheres na pós-menopausa, sendo 20% dos casos diagnosticados em pacientes com idade entre 40 e 50 anos e 5% abaixo dos 40 anos. 

A doença está relacionada, principalmente, ao sobrepeso e a nuliparidade, ou seja, não ter tido filhos.

Cuidados

Gobbi reforça que os hábitos de vida saudáveis contribuem para dificultar o aparecimento dessas doenças. A principal recomendação da médica às mulheres é para que não fumem e não sejam sedentárias.

Imagem Ilustrativa (Foto: Freepik)

“A orientação é manter a consulta médica de rotina, de ano em ano, para observar o colo do útero, ainda que a vacina tenha sido tomada, pois podem ocorrer casos de lesões cervicais atribuíveis a tipos de HPV não cobertos pela vacina”, alerta Gobbi. “Existem mais de 100 tipos de HPV, mas felizmente poucos são oncogênicos (capazes de causar câncer), cabendo lembrar que os tipos 16 e 18 contidos na vacina são responsáveis por 70% dos cânceres de colo do útero”, esclarece a cirurgiã oncológica. 

As mulheres que apresentam sintomas ou história familiar e pessoal importantes para o câncer de ovário e mama, e aquelas portadoras de alterações genéticas hereditárias, como por exemplo, a mutação NO no gene BRCA, devem seguir recomendações específicas de seus médicos quanto ao monitoramento do organismo.

Contudo, de maneira geral, a recomendação é para que a mulher fique atenta a qualquer alteração no corpo, como mudanças intestinais, aumento de volume abdominal, ciclo menstrual regular ou não e, também, observar se tem algum desconforto como dor ou sangramento durante a relação sexual, e também, ter o costume de olhar a genitália, para ver se está tudo certo. 

 “Como a mulher é multitarefas, pode acabar negligenciando esses sintomas. Não podemos deixar que os pequenos sinais passem batidos porque não são normais”, diz Gobbi.

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