Bem Estar

“Marombeiros” estão mais protegidos contra Alzheimer, afirma estudo

Pesquisa mostra que pessoas que fazem exercícios físicos de levantamento de peso com frequência podem prevenir ou atrasar os sintomas da doença

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“Marombeiros” estão mais protegidos contra Alzheimer, afirma estudo
(Foto: Freepik)

Agora não é só implicância de marombeiros. A ciência comprovou que os “frangos”, pessoa com pouca massa muscular, saem como retardatários na corrida contra o Alzheimer.

Conforme um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Frontiers in Neuroscience, a prática de exercícios físicos com levantamento de peso, como a musculação, pode desempenhar um papel importante tanto na prevenção, como no atraso dos sintomas do Alzheimer.

Embora idosos e pacientes com demência enfrentem dificuldades para realizar exercícios aeróbicos de alta intensidade, como corrida, essas atividades têm sido o foco da maioria dos estudos científicos relacionados ao Alzheimer.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o exercício com peso como a melhor opção para manter o equilíbrio, a postura e, consequentemente, prevenir quedas. Os exercícios resistidos, como são chamados, consistem em contrações musculares específicas contra uma resistência externa.

Essa prática é considerada essencial para aumentar a massa muscular, a força e a densidade óssea, além de melhorar a composição corporal, a capacidade funcional e o equilíbrio. Além disso, ajuda a prevenir ou atenuar a sarcopenia, que é a fraqueza muscular, facilitando a execução das atividades diárias.

A pesquisa

No estudo, os pesquisadores realizaram experimentos com camundongos transgênicos que possuíam uma mutação responsável pelo acúmulo de placas beta-amiloide no cérebro, uma característica do Alzheimer. Os camundongos foram treinados para subir uma escada com inclinação de 80 graus e degraus separados por dois centímetros.

Durante o treinamento, cargas progressivas foram aplicadas às suas caudas, simulando o que pode ser feito em equipamentos de musculação.

Após quatro semanas de treinamento, foram colhidas amostras de sangue dos camundongos e os níveis de corticosterona, um hormônio relacionado ao estresse e ao risco de desenvolvimento do Alzheimer, foram medidos.

Os resultados mostraram que os níveis de corticosterona nos camundongos treinados foram normalizados, equiparando-se aos do grupo de controle, composto por animais saudáveis. Além disso, a análise do cérebro revelou uma diminuição na formação de placas beta-amiloide.

Resultado favorável aos marombeiros

Henrique Correia Campos, coautor do estudo, afirma que esses resultados confirmam que a atividade física pode reverter as alterações neuropatológicas que causam os sintomas clínicos da doença de Alzheimer. Além disso, a pesquisadora Deidiane Elisa Ribeiro, que também participou do estudo, destaca que o exercício resistido reduziu a agitação característica de alguns pacientes com Alzheimer.

Já Beatriz Monteiro Longo, professora de neurofisiologia da Unifesp e coordenadora do trabalho, ressalta que o exercício resistido está se consolidando cada vez mais como uma estratégia efetiva para evitar o surgimento dos sintomas do Alzheimer esporádico, relacionado ao envelhecimento, ou para retardá-los nos casos da forma familiar da doença. Ela destaca ainda a ação anti-inflamatória do exercício físico resistido como a principal possível razão para esses benefícios.

Os resultados desse estudo, aliados a uma revisão de estudos anteriormente publicada pelo mesmo grupo de pesquisadores da Unifesp, fornecem evidências clínicas de que os exercícios físicos resistidos podem ser benéficos para minimizar o déficit nas funções cognitivas e comportamentais causado pelo Alzheimer.

Essa descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a prática de exercícios resistidos, possibilitando a redução dos sintomas em pacientes idosos e gerando economia nos gastos relacionados à doença de Alzheimer.

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