Ednilson Aguiar/O Livre
O coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, ex-secretário chefe da Casa Militar, confessou ter tomado a iniciativa de elaborar um plano contra o desembargador Orlando Perri, à época relator do caso dos grampos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O tenente-coronel José Henrique Costa Soares teria sido cooptado e coagido a gravar Perri com uma câmera instalada em sua farda para afastá-lo das investigações.
De acordo com um depoimento divulgado pelo site Ponto na Curva, Lesco admitiu ter papel de liderança na tentativa de obstrução da Justiça. “Isso tudo que aconteceu, da tentativa de filmar a reunião que poderia estar presente o relator partiu de minha iniciativa”, disse.
O coronel foi preso na Operação Esdras, da Polícia Civil, no dia 27 de setembro, acusado de participar do plano contra o desembargador. Na mesma ocasião, a personal Helen Christy Lesco, esposa do coronel, também foi presa por supostamente participar do “plano infernal”, como classificou Perri.
Lesco teria se mostrado preocupado com a situação da eposa. “Eu quero colaborar com todos os fatos relacionados à essa operação, quero contribuir, porque fico preocupado também com a situação da minha esposa, preocupado com a integridade física dela”, afirmou.
As informações foram prestadas em depoimento aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Henrique Stringueta, então responsáveis pelas investigações.
Evandro Lesco contesta a versão de que o tenente-coronel Soares seria apenas vítima do plano. O coronel afirma que Soares teria procurado Helen Christy para “ajudar” em sua situação no Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado contra os militares que teriam participado dos grampos – o tenente-coronel era escrivão do processo.
O ex-chefe da Casa Militar afirma que Soares teria oferecido um áudio que alteraria o rumo do processo. De acordo com o depoimento de Lesco, sua esposa buscou o tenente-coronel diversas vezes no Posto Bom Clima e o levou para sua casa, onde o visitava “de forma amistosa”. A estratégia de Helen buscar o militar seria para evitar que Soares fosse gravado pelas câmeras do condomínio.
Lesco ainda negou que tenha ameaçado o tenente-coronel ou seu filho. A ameaça teria sido feita depois que Soares furtou os celulares de Lesco e de Helen – ele teria percebido que a atitude do coronel havia mudado por causa de uma ligação do ex-secretário de Segurança Rogers Jarbas, preso na mesma operação.
