Principal

Guapo é reconhecido nacionalmente como mestre da cultura popular

3 minutos de leitura
Guapo é reconhecido nacionalmente como mestre da cultura popular

Protásio de Morais

Guapo

Guapo “em ação” na Rua do Rasqueado, projeto idealizado por ele há mais de duas décadas

 O compositor, músico e pesquisador Milton Pereira Pinho, popularmente conhecido como Guapo – que é um sinônimo de valente e corajoso – é uma das expressões maiores da cultura tradicional cuiabana. Sua relação íntima com o rasqueado começou há várias décadas, quando pesquisando a música latino-americana, dedicou atenção especial a investigar as raízes do rasqueado mato-grossense, a ponto de incursionar por países vizinhos como o Paraguai, Argentina e Bolívia. Guapo é uma sumidade no assunto.

E agora, o que já sabíamos, é comprovado em nível nacional. Ele foi reconhecido como Mestre, pelo Prêmio Culturas Populares: Edição Leandro Gomes de Barros, do Ministério da Cultura. Os vencedores do prêmio são avaliados, levando em consideração as ações que desenvolvem em favor do fortalecimento das culturas populares brasileira, difundindo as expressões populares para além dos limites de suas comunidades, além de manter vivo o patrimônio da cultura popular.

“Eu já tinha tentado em 2008, mas não deu. Passados estes sete anos me inscrevi de novo, só que agora, com um trabalho mais consolidado. Adicionei o meu livro ‘Remedeia co que tem’ – que traça a genealogia da música mato-grossense – e os trabalhos em pareceria com a Orquestra do Estado de Mato Grosso. A primeira rendeu o disco Berrante Pantaneiro e a segunda mais recente, é a Sinfonia do Rio Paraguai, arrematada por concertos em 2016”, conta. O projeto Rua do Rasqueado, realizada há mais de duas décadas em Cuiabá, também contou muitos pontos.

Guapo recebeu a equipe de O LIVRE em seu quintal no tradicional bairro Quilombo. O frescor da manhã, os pássaros cantando e o amplo quintal nos levam a sentir a ligação harmônica de sua música com a natureza.

Nascido em 1951 em Cáceres (MT), Milton Pereira de Pinho Guapo é filho de pai violeiro e cuja avó paterna, Yolanda Widal de Pinho, era pianista. O avô, cururueiro. “Eu nasci na beira do rio, quase dentro de uma canoa. Minha mãe pescava no Rio Paraguai quando começou a sentir as contrações. Entrou para casa e foi”, se diverte ao falar da relação estreita com a natureza. Certamente que a riqueza sonora do Pantanal e a vivência de festas populares, como as de santo, contribuíram para suas inclinações musicais. Conquistando outras paragens com vistas a divulgar o ritmo, foi a Washington, nos Estados Unidos, para protagonizar o show Searching For The Lost River em 2005. 

“Na cultura mato-grossense, eu diria que o rasqueado foi uma exaltação da volta vida, após o maior conflito bélico que houve na América do Sul, a Guerra do Paraguai no século XIX. Ao mesmo tempo é uma interação cultural sonora dançante de ex-prisioneiros, pecuaristas, pescadores, comerciantes e garimpeiros, além de uma louvação de santos devotos, numa Cuiabá na década de 1920, que estava começando a se tornar urbana”, contextualiza.

No vídeo abaixo, Guapo fala mais sobre o rasqueado e o prêmio. E para finalizar, tem música para os leitores de O LIVRE! Dá o play!

YouTube video

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes