Dois cuiabanos paus-rodados se uniram na concepção de um projeto realizado em Portugal. O músico de Macapá (AP) e idealizador do Cantautores MT, André Coruja, gravou um webdoc de uma de suas principais canções em parceria com a Maranhas Filmes, produtora do também músico Dewis Caldas, de São Luís (MA), e a cuiabana Aline Camargo, dupla que atuou por aqui até 2014, quando passou a residir em Lisboa.
Em uma das passagens do cantautor André Coruja por lá, eles documentaram o processo criativo de “Flutua”, registro lançado nesta quinta-feira (17). A composição abre seu primeiro disco Two Trees, lançado em 2016, via financiamento crowdfunding. “É como nascer. Como se lançar para o novo, para o maior, o mundo”, explica.
Sobre a canção, ele diz mais: “A gente é pouquinho e começa assim, em algo que já está rolando. É como se deparar com a imensidão do mar (ou do mundo) e ser lançado para nadar. Tem que ter coragem, tem que ter peito aberto, meter a cara, levar caldo, mas fazer”.
Mesmo não se conhecendo pessoalmente até então, Dewis e Coruja eram ligados por Cuiabá e pelas ideias compartilhadas sobre a cena da música mato-grossense.
“Logo que eu cheguei a Cuiabá e comecei a tocar, duas pessoas me escreveram espontaneamente, o Rogê Além e Dewis. Talvez nem haja conexão entre esses contatos, mas depois descobri que os dois tinham bandas juntos há alguns anos. Até então, minhas referências da cidade eram só até 2006 ou 2007, quando eu era próximo da galera do Cubo, mesmo morando em Belém”, conta Coruja.
Um pouco diferente de um videoclipe, o webdoc é um vídeo que conta sobre a composição, ambientado pela gravação em estúdio, que conta com canjas acústicas e relatos de Coruja sobre o há por trás das palavras e os sons.
“O clipe é mais artístico, é o diálogo de uma concepção audiovisual com sons, arranjos, letra da música. O webdoc é mais jornalístico, sem deixar de ser artístico no nosso caso. E formatado, pensado para a internet”, explica.
As imagens foram gravadas em Lisboa e Nazaré, cidade do mar revolto e das ondas gigantes. O músico conta que o cenário escolhido justamente pela marcante presença do circuito do surfe. “O surfe é um esporte que poderia servir como metáfora para a representação visual do que é Flutua”.
Tudo documentado pelo olhar de Dewis, jornalista formado na capital mato-grossense, onde viveu por 10 anos e fundou a Maranhas Filmes, junto com a publicitária Aline Camargo em meados de 2012. Hoje sediada em Lisboa, a produtora é especializada em documentários e fotografia que engloba, também, a cobertura de shows e a realização de cursos.
A Maranhas Filmes assina a produção de dezenas de documentários exibidos nos cinco continentes, como o premiado O encontro da Viola-de-Cocho e a Guitarra-de-Cocho, criação do mato-grossense Billy Espíndola e mais recentemente, O encontro de Alceu Valença e Fernando Pessoa. A música tradicional, o folclore e a etnografia são os temas mais editados nas produções.
Confira o resultado:
