O preço da soja, do milho e do algodão está abaixo da expectativa dos produtores rurais, que não têm condições de cobrir os custos de produção.
Sondagem do Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea) do mercado mostra que o valor das commodities e os custos de produção na safra atual estão mais desfavoráveis ao produtor em relação à safra passada.
Para se ter margem de lucro, o preço de venda precisa estar acima do de custo. O cálculo é tirado da comparação de quanto uma saca de soja, por exemplo, consegue cobrir o gasto de defensivo. O preço hoje de venda estaria abaixo da média das últimas três safras.
“A soja apresenta essa situação e o milho também. O algodão está em uma situação um pouco melhor, mas há pressão sobre a margem de lucro, que está ficando apertada. Não sei se dá pra falar que os produtores estão no negativo, mas a margem está apertada”, disse Rodrigo Silva, coordenador da inteligência de mercado do Imea.
O motivo para a queda nos preços de venda vem quase que exclusivamente do nível de produção em Mato Grosso de commodities. Segundo o coordenador, o mercado passa por uma espécie de inchaço de oferta no momento.
A quantidade de grãos disponíveis está maior do que a da demanda, ou seja, a oferta está bem acima da quantidade de compradores. O cenário empurra os preços para baixo.
O Imea afirma que em Mato Grosso o problema é basicamente a falta de condição para o armazenamento daquilo que não vendido. Na safra atual, milhão de toneladas está em sobra nas fazendas.
Para evitar a desvalorização da saca, os produtores têm segurado as negociações, dando tempo para a normalização da oferta e demanda.
Segundo Rodrigo Silva, a situação em Mato Grosso é um espelho para o setor no país, pois o estado está no topo da produção de soja, milho e algodão.
