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Ex-secretário de Silval diz ter acreditado que propina era “prêmio”

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Ex-secretário de Silval diz ter acreditado que propina era “prêmio”

Ednilson Aguiar/O Livre

Arnaldo Alves, ex-secretário de Planejamento

Arnaldo Alves, ex-secretário de Planejamento, chorou durante o depoimento 

Com um terço nas mãos, o ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves disse à Justiça ter acreditado que os cerca de R$ 600 mil que recebeu a título de propina por ajudar no processo de desapropriação de uma área no Jardim Liberdade, em Cuiabá, eram uma espécie de “prêmio” concedido a ele pelo então govenador Silval Barbosa (PMDB).

As afirmações foram feitas à juíza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal, onde Arnaldo Alves depõe na tarde desta quinta-feira (27). O ex-secretário é um dos réus da ação penal oriunda da quarta fase da operação Sodoma. O esquema investigado é o suposto desvio de aproximadamente R$ 15 milhões dos R$ 31 milhões pagos pela área adquirida pelo governo do Estado em 2014.

O ex-secretário negou ter agido de forma ilegal quando autorizou a suplementação orçamentária que possibilitou ao Estado pagar pelo terreno. De acordo com ele, a reserva de contingência do Estado – fonte de onde saiu o dinheiro usado na desapropriação – era de uso “comum”. O recurso só não poderia ser aplicado neste fim se já estivesse destinado para outra área por meio de uma lei.

“Eu sei que era uma operação ilícita, mas naquele momento não foi falado em propina. Lógico que eu sei que foi ilegal. Preferia não ter recebido”

Quanto ao seu pagamento, Arnaldo Alves disse ter recebido os cerca de R$ 600 mil das mãos do também ex-secretário de Estado Pedro Nadaf.

Na época, segundo ele, Nadaf teria lhe afirmado que o valor era um “retorno”, algo como uma comissão pelo trabalho feito. O ex-secretário de Planejamento reconheceu, todavia, saber que Nadaf mentia.

“Eu sei que era uma operação ilícita, mas naquele momento não foi falado em propina. Lógico que eu sei que foi ilegal. Preferia não ter recebido”, disse.

Ordens e empréstimo
À juíza Selma, Arnaldo Alves afirmou que sempre foi um secretário “muito técnico e muito obediente” e que não questionava as ordens que recebia do então governador. “Ele não tem que ficar se justificando para mim”. 

Ele também sustentou manteve uma transação financeira com o empresário Alan Malouf utilizando o dinheiro da propina porque o empresário passava por dificuldades lhe pediu um empréstimo.

A promotora que atua no caso, Ana Bardusco, chegou a questionar o ex-secretário se sua intenção não seria, de fato, ocultar a origem do dinheiro. Ele, todavia, se negou a responder qualquer questionamento do Ministério Público durante o interrogatório.

Ednilson Aguiar/O Livre

Terço nas mãos do ex-secretário de Estado de Planejamento Arnaldo Alves

Terço nas mãos do ex-secretário de Estado de Planejamento Arnaldo Alves

 

Lágrimas
Arnaldo Alves chorou durante seu depoimento. O fato ocorreu quando ele relatou a postura do ex-governador Silval Barbosa diante de seu pedido de demissão. O ex-secretário contou que colocou o cargo à disposição quando precisou passar por uma cirurgia cardíaca. Na época, segundo ele, Silval “foi muito humano” e lhe disse para fazer o tratamento e voltar ao trabalho.

O problema cardíaco, aliás, se agravou por conta dos problemas que enfrentava no comando do orçamento do Estado, disse Arnaldo Alves. Segundo ele, a situação lhe rendeu uma série de inimizades com deputados estaduais e com a imprensa porque “sem recursos, não tem como fazer o que todo mundo pedia”.

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