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Ex-Intermat afirma que não era do “núcleo duro” de Silval

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Ex-Intermat afirma que não era do “núcleo duro” de Silval

Ednilson Aguiar/O Livre

 Afonso Dalberto

Afonso Dalberto, ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), prestou depoimento na 7ª Vara Criminal de Cuiabá

Em depoimento à Justiça na tarde desta segunda-feira (03), o ex-presidente do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) Afonso Dalberto confessou participação em um esquema que desviou R$ 15,8 milhões dos cofres estaduais por meio da compra fraudulenta de um terreno em Cuiabá.

Dalberto negou fazer parte do “núcleo duro” da organização que, segundo ele, era formado pelo então governador Silval Barbosa (PMDB) e pelos ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel De Cursi, além do procurador aposentado Francisco de Andrade Lima Filho, o Chico Lima.

Ele admitiu, porém, que ficou com parte do dinheiro desviado. “Era uma propina para que eu não causasse empecilhos”, descreveu em seu depoimento. A compra do terreno foi alvo da quarta fase da Operação Sodoma. Oficialmente, o governo de Mato Grosso pagou R$ 31,7 milhões pela desapropriação de uma área de 55 hectares pertencente à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, no bairro Jardim Liberdade.

Metade deste valor retornou ao grupo liderado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) por meio da SF Assessoria e Organização de Eventos, criada em nome de um laranja. De acordo com o depoimento de Dalberto, a trama começou em uma reunião convocada pelo ex-governador no Palácio Paiaguás. “Foi apresentado o processo do Jardim Liberdade e Chico Lima falou que estava ‘ok’ juridicamente. Tinha uma decisão do Tribunal de Justiça que permitia [a operação]”.

Dalberto conta que recebeu a promessa de que, dos valores que seriam pagos à Santorini, R$ 600 mil seriam repassados a ele como propina. Ele chegou a alertar o governador de que o órgão não tinha orçamento para cobrir as sete parcelas do negócio. “Nunca foi previsto no orçamento Intermat o pagamento por desapropriação. O normal é o pagamento em títulos do governo”, afirmou Dalberto.

O ex-presidente da autarquia afirmou que nos nove anos em que ele esteve no órgão, nunca houve orçamento regular para este tipo de pagamento.
Foram realizados sete pagamentos. O contato de Afonso Dalberto se deu sempre com o procurador Chico Lima, que estava cedido à Casa Civil e trabalhava sob a tutela de Pedro Nadaf, o então secretário-chefe da pasta – apontado por ele como um organizador do esquema.

Ele afirma ter recebido a maior parte dos valores em espécie das mãos de Chico Lima em encontros fora do horário de expediente na sala do procurador e no estacionamento da Casa Civil. O dinheiro era entregue em envelopes, em uma ocasião estava em uma caixa de sapatos, e foram feitas quatro TED (Transferência Eletrônica Disponível) a familiares de Afonso Dalberto.

O ex-presidente do Intermat confirmou ter ouvido de Pedro Nadaf que R$ 10 milhões desviados da desapropriação do terreno foram direcionados para o pagamento de uma dívida que Silval Barbosa tinha com o dono de factoring Valdir Piran – o empresário nega.

Outro lado
O procurador aposentado Chico Lima já negou anteriormente sua participação no esquema. A defesa dele alega que a desapropriação aconteceu de maneira legal e que ele não recebeu valores desviados.

O ex-governador Silval Barbosa já confessou ter criado uma organização criminosa em seu secretariado com o objetivo de desviar dinheiro para pagamento de dívidas de campanha – inclusive os R$ 10 milhões pagos a Valdir Piran.

Pedro Nadaf é réu confesso na Operação Sodoma tendo adotado postura de colaboração com a Justiça. Ele já entregou R$ 3,1 milhões referente às ações da primeira e da segunda fase da operação como forma de ressarcimento pelos danos causados aos cofres públicos e em suas alegações finais pediu perdão judicial.

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