Comportamento

Estudo revela que metade da população terá algum tipo de distúrbio mental durante a vida

Pesquisa sobre distúrbio mental foi realizada em 150 mil pessoas adultas de 29 países

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Estudo revela que metade da população terá algum tipo de distúrbio mental durante a vida

Uma recente pesquisa científica, liderada por especialistas da Universidade de Queensland, na Austrália, e da renomada Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, lançou luz sobre uma realidade impactante: a probabilidade de que metade das pessoas com 75 anos ou mais venham a enfrentar algum tipo de problema relacionado à saúde mental, ou seja, distúrbios mentais.

O estudo, sob a direção conjunta de John McGrath e Ronald Kessler, em colaboração com colegas de 17 nações diversas, vasculhou minuciosamente um amplo conjunto de dados abrangendo mais de 150 mil adultos de 29 países. As informações foram meticulosamente coletadas entre os anos de 2011 e 2022, e o resultado dessa pesquisa de magnitude foi recentemente publicado nas páginas da prestigiada revista científica The Lancet Psychiatry.

McGrath, um dos líderes da pesquisa, destacou que os achados trazem à tona uma incidência notável de problemas ligados à saúde mental. Ele revelou que, conforme os dados, é plausível que metade da população mundial experimente, em algum momento até os 75 anos, pelo menos uma condição de cunho mental.

“Os transtornos mais recorrentes, como depressão e ansiedade, se mostraram notavelmente frequentes. Além disso, identificamos variações nos riscos dessas doenças entre os sexos”, sublinhou o pesquisador.

Detalhes sobre os tipos de distúrbios

(Foto: Andrew Neel / Pexels)

Os resultados do estudo apontam, por exemplo, que problemas como depressão, fobias específicas e transtorno de estresse pós-traumático são mais prevalentes entre mulheres. Em contrapartida, entre os homens, despontam questões como alcoolismo, depressão e fobias específicas.

Os pesquisadores fizeram questão de enfatizar que a “idade de pico para o surgimento dos primeiros sintomas” foi identificada aos 15 anos, com uma média de ocorrência aos 19 anos para homens e 20 anos para mulheres. Além disso, frisaram a imperiosa necessidade de investir em pesquisas fundamentais na área da neurociência, para uma compreensão mais aprofundada do desenvolvimento destes distúrbios.

Kessler, outro proeminente membro da equipe, também pontuou a insuficiência de investimentos em serviços de saúde mental direcionados, em sua maioria, para os jovens.

“Compreender a faixa etária em que essas doenças normalmente emergem poderá subsidiar intervenções de saúde pública personalizadas, e alocar recursos de modo a garantir um suporte duradouro e adequado aos indivíduos em risco”, finalizou o pesquisador.

O desfio da depressão no Brasil

(Foto: Geralt / Pixabay)

A depressão, um transtorno mental associado a sentimentos de desânimo, irritabilidade, pessimismo, isolamento social, perda de interesse, dificuldades de concentração, baixa autoestima e tristeza, é um fardo que impacta diversas esferas da vida cotidiana.

Essa condição prejudica o desempenho no trabalho, o sono, os estudos, a alimentação e a interação social, entre outros aspectos. Para se configurar como depressão, esses sintomas de natureza negativa devem persistir por no mínimo duas semanas, causando prejuízos significativos.

Na América Latina, destaca-se o Brasil como o país com a maior incidência de depressão, ocupando o segundo lugar nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A dra. Juliana Tramontina, renomada psiquiatra, em entrevista à Agência Brasil, destacou que a depressão é um fenômeno multifatorial, originado da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais.

“Esses elementos entrelaçados moldam a manifestação de episódios depressivos em indivíduos”, esclareceu.

A depressão é, sem sombra de dúvida, a principal causa de incapacitação em nível global, afetando mais de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Além disso, a OPAS/OMS ressalta a contribuição da genética em certas manifestações de depressão, embora indivíduos sem histórico familiar também possam desenvolver o transtorno. A intensidade, frequência e duração dos sintomas variam dependendo das características individuais e do estado mental de cada pessoa.

Ao longo da trajetória, diversos gatilhos podem precipitar episódios de depressão: traumas na infância, perda de entes queridos, mudanças radicais na rotina, consumo de substâncias psicoativas, entre outros.

Na infância e adolescência, os sintomas da depressão frequentemente divergem dos observados em adultos, ressaltando a importância de avaliar mudanças súbitas de comportamento. A dra. Tramontina enfatizou o papel crucial das instituições de ensino na identificação de alterações comportamentais em crianças e adolescentes.

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