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Equipe do LIVRE é ameaçada durante reportagem

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Equipe do LIVRE é ameaçada durante reportagem

Chico Valdiner/Gcom-MT

Ricardo Franco

 

O repórter Bruno Abbud e o fotógrafo Ednilson Aguiar, da equipe do LIVRE, foram ameaçados de prisão por policiais civis armados de metralhadoras e fiscais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) enquanto produziam uma reportagem sobre a situação do Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, município a cerca de 540 quilômetros de Cuiabá.

A abordagem ocorreu depois que a equipe visitou o parque, no percurso de volta para a cidade. Os repórteres foram interceptados pelos fiscais Laerte, conhecido como JL, e Eudes Frazão, ambos da Sema, e por dois policiais civis, que vinham em uma viatura da Polícia Judiciária Civil no sentido contrário de uma estrada vicinal de terra batida. Os policiais e fiscais exigiram acesso às imagens feitas pela reportagem, ameaçaram prender a equipe e, principalmente, quiseram saber se a equipe havia fotografado a fazenda do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mais tarde, a equipe recebeu a notícia de que as autoridades procuraram os dois repórteres no hotel Bela Vila, onde estiveram hospedados.

Segundo o Ministério Público Estadual, o ministro faz parte de um grupo de 51 ocupantes irregulares da unidade de conservação. A denúncia oferecida à Justiça atribui aos invasores o desmatamento de 19 mil hectares de áreas protegidas.

A tentativa de intimidação foi relatada ao Ministério Público de Vila Bela da Santíssima Trindade e às entidades que defendem a liberdade de imprensa, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão. A reportagem produzida na região será publicada em breve pelo LIVRE.

Ameaçado
Criado há 20 anos, o Parque Estadual Serra de Ricardo Franco tem 158 mil hectares e até hoje não foi regularizado. Sua área abriga espécies ameaçadas de extinção, biomas do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal, além de algumas das mais belas paisagens do Estado.

Em janeiro, o procurador Luiz Alberto Esteves Scaloppe acusou o governador Pedro Taques de colocar a Procuradoria Geral do Estado (PGE) a serviço de “grileiros” e de ceder a interesses pessoais do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo ele afirmou à ocasião, o governo agia para impedir o processo de regularização fundiária e ambiental do parque. “O Estado tem por obrigação agir em defesa do interesse público”, disse Scaloppe. “Mas, neste caso, o que vemos é a estrutura estatal sendo posta a serviço de particulares, como o ministro Padilha”.

Em dezembro, por meio da PGE, o governo recorreu à Justiça e conseguiu suspender uma liminar que obrigava o Estado a concluir a implantação da unidade, criada no papel em 1997, durante o governo de Dante de Oliveira. O recurso foi proposto logo depois que a promotoria conseguiu o bloqueio de R$ 949,5 milhões em bens dos ocupantes irregulares, como forma de assegurar a recuperação de áreas degradadas no parque. “Durante certo tempo, o governo se mostrou favorável à regularização”, disse o procurador. “Mas tudo mudou no momento em que começamos a mexer com interesses de gente poderosa”.

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