Uma pesquisa recente da startup Olhi revela que mulheres empreendedoras estão enfrentando uma sobrecarga desproporcional ao acumularem responsabilidades empresariais e tarefas domésticas. Segundo a estatística, 54% das entrevistadas dedicando mais de 8 horas diárias ao negócio e até 4 horas às atividades domésticas. Dessa forma, configura-se uma realidade desafiadora para o empreendedorismo feminino.
O relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022 destaca que 34,4% dos empreendedores no Brasil são mulheres, marcando uma conquista histórica no cenário pós-pandemia. Contudo, a experiência delas no mundo dos negócios é marcada por obstáculos distintos.
Responsabilidade e rendimento do empreendedorismo
Segundo Stefanie Schmitt, CEO da Olhi, as mulheres, já responsáveis por quase metade dos lares brasileiros, enfrentam o desafio adicional do cuidado não remunerado. Esse fator impacta diretamente o desempenho de seus empreendimentos, resultando em menos tempo dedicado aos negócios.
As mulheres empreendem tanto por necessidade financeira quanto pela flexibilidade que o empreendedorismo oferece para conciliar trabalho e tarefas domésticas. Entretanto, essa dupla jornada impõe desafios significativos.
Barreiras psicológicas e sociais
A falta de apoio e reconhecimento é uma barreira significativa, com apenas 66% das mulheres se sentindo confortáveis em discutir seus negócios com familiares. O estigma de que empreendimentos liderados por mulheres são menos sérios é uma realidade para 31,5% delas.
Em entrevista à CNN, Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, identifica 4 dificuldades cruciais:
- Acesso a capital: mulheres enfrentam obstáculos ao buscar créditos e recursos financeiros.
- Rede de apoio: necessidade de suporte, como creches e horários flexíveis.
- Acesso a ambientes de inovação: programas que incentivem a inclusão de tecnologia nos negócios.
- Acesso a mercado: programas que facilitem a venda de produtos e serviços de empreendedoras.
O perfil das empreendedoras
De acordo com a pesquisa da Olhi, a maioria das empreendedoras é branca, na faixa dos 35 a 44 anos, com 51,5% possuindo pós-graduação. A independência profissional é o principal motivador, enquanto a necessidade de prover renda e conciliar trabalho e maternidade também são fatores significativos.
A acumulação de tarefas resulta em exaustão para 62,2% das empreendedoras, refletindo-se em diagnósticos de transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão, transtornos alimentares e síndrome do pânico. A saúde mental afeta 74,5% da performance, comprometendo as atividades de cuidado com familiares.