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Educação financeira: 95% dos educadores acreditam que o tema deve ser aprendido nos anos iniciais

Saber como usar o dinheiro tornou-se vital em um mundo onde o número de endividados aumenta de forma exponencial

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Educação financeira: 95% dos educadores acreditam que o tema deve ser aprendido nos anos iniciais
(Foto: Maitree Rimthong / Pexels)

O segundo semestre letivo já teve início e um tema recorrente – principalmente em tempos de inflação – é sobre a importância de temas voltados para educação financeira, serem abordados na escola.

Um dos consensos entre economistas e educadores financeiros é que aprender a administrar o dinheiro, ainda na infância é uma das premissas para que os adultos tenham uma vida financeira mais saudável e equilibrada. Mas parece que esse não é o cenário brasileiro.

Segundo dados divulgados pelo Serasa Experian, em 2020, cerca de 80% dos brasileiros não aprenderam sobre educação financeira até os 12 anos de idade. E foi de olho nesse terreno fértil, mas pouco manuseado no âmbito escolar que a educadora financeira Aline Soaper investiu na profissionalização de professores especializados na disciplina.

“Todo mundo precisa saber a usar o seu dinheiro de forma consciente. Por isso, a educação financeira deve ser ensinada ainda na escola, para que as crianças e os adolescentes aprendam desde cedo como administração seu orçamento, ganhos e gastos. Mas para isso, sabemos que é preciso formar os professores qualificados no assunto, já que hoje em dia a grande maioria não está capacitado, já que não tiveram especialização na área”, explica a carioca à frente do Instituto Soaper, especializado no treinamento e na formação de educadores financeiros para adultos e crianças.

(Pixabay)

Educadores precisam de capacitação

O que a educadora financeira ressalta é comprovado, inclusive, por uma pesquisa da plataforma digital Nova Escola, uma organização de impacto social sem fins lucrativos, em parceria com uma grande empresa brasileira na área de investimentos financeiros. Segundo o levantamento, 34% dos professores não se sentem preparados para falar sobre o tema, e apenas 23% tiveram algum contato prévio com assuntos relacionados a finanças.

Não à toa, em 2021, o Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lançou o Programa Educação Financeira nas Escolas, que visa capacitar educadores das redes pública e privada, na temática de educação financeira. A previsão é alcançar 500 mil docentes em três anos. Em paralelo a iniciativa do governo, entidades como o Instituto Soaper também oferecem capacitação para professores em educação financeira. “Nos cursos que ministramos, temos especializado muitos docentes em educação financeira, para que eles ensinem para crianças e adolescentes sobre o tema, na pré-escola, no ensino fundamental, ensino médio e até na graduação. Nosso trabalho vem sendo bem recebido pelos professores, diretores, pais dos alunos”, revela Aline Soaper, que fundou a empresa em 2018.

E essa busca por uma formação especializada é um reflexo de outra estatística revelada pela pesquisa da plataforma digital Nova Escola, onde 95% dos educadores entrevistados acham que as crianças devem aprender sobre educação financeira, para que possam se organizar financeiramente desde cedo. Além disso, 30% acham que o assunto deve começar a ser apresentado desde o Ensino Fundamental (dos 6 aos 14 anos), e que isso pode contribuir para minimizar o ciclo de pobreza no Brasil. Diante do tema, a educadora financeira carioca revela algumas estratégias para ensinar educação financeira nas escolas: “Crianças aprendem de forma lúdica, brincando. Por isso, use e abuso de ferramentas como teatro, passeios, simulações e experiências do dia a dia que envolvam o uso do dinheiro para ensinar”, explica Soaper.

“A coordenação da escola onde ministro aulas, me solicitou que fizesse uma especialização em educação financeira. Foi uma descoberta maravilhosa, por que aprender sobre educação financeira me ajudou também na minha vida pessoal.  Na escola, apresentei a proposta para ensinar educação financeira para os alunos do Ensino Fundamental I. E veio a necessidade de também ensinar para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio. O que eu faço em sala de aula é uma desconstrução da educação financeira. Ou seja, mostro aos alunos que ela não é apenas como uma matemática financeira. Os alunos estavam com muita expectativa em relação as aulas. O que fiz foi alfabetizá-los  no tema de educação financeira. Ensino a eles a importância de fazer escolhas, e que isso vai significar uma vida financeira saudável para eles. Além disso, também falamos sobre geração de renda. No ensino médio, por exemplo, nos falamos sobre empreendedorismo”, explica a professora Marcela Tavares, que ministra aulas em uma escola da Zona Oeste, no Rio de Janeiro.

(Foto: Pixabay)

Familiares apoiam a iniciativa

As famílias também acreditam que as escolas têm papel fundamental no ensino de educação financeira para crianças e adolescentes. É que mostra uma pesquisa de 2021, da Serasa. De acordo com o levantamento, para 70% das mães e pais é na escola que as crianças vão aprender a lidar com finanças. No entanto, a mesma pesquisa revela que as famílias não têm se ausentado da responsabilidade de ensinar educação financeira em casa: 85% dos pais relatam que ensinam aos filhos a importância de se ter uma vida financeira saudável.

“A estatística é animadora, mas sabemos que existem muitas famílias que não tiveram contato com educação financeira, e por isso, não sabem administrar nem os próprios recursos. Mas uma estratégia para começar, é por exemplo, buscar tarefas dentro da rotina das famílias, com objetivo de explicar sobre uso do dinheiro, ou permitir que eles usem o dinheiro no dia a dia, explicar para eles que os produtos serviços tem custos, que eles terão que fazer escolhas. Isso é fundamental, para que as crianças possam assumir uma responsabilidade com o dinheiro, também futuramente, na vida adulta”, finaliza Aline Soaper.

(Informações da Assessoria)

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