Educação

Educação digital: dá mesmo para substituir livros por telas?

O que dizem especialista sobre a experiência de aprendizagem com livros físicos versus a com material 100% digital?

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Educação digital: dá mesmo para substituir livros por telas?
(Foto: Julia M Cameron / Pexels)

A partir de 2024, o Governo do Estado de São Paulo pretendia revolucionar o sistema educacional. Deixaria de lado os tradicionais livros didáticos em papel. Alunos das escolas estaduais passariam a ter acesso a uma educação 100% digital, com materiais didáticos apresentados em PowerPoint pelos professores e disponibilizados em plataformas online.

O anúncio provocou uma controvérsia considerável e foi parar na Justiça. Atualmente, o governo paulista está impedido de recusar os livros didáticos oferecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

A pergunta que fica no ar, entretanto, é: os materiais digitais garantem ou não o mesmo nível de aprendizagem que livros de papel?

Uma reportagem publicada na revista Mente Afiada tentou responder essa questão.

Para a neuropsicóloga infantojuvenil, Roberta Alonso, a resposta é não. Ela argumenta que “aprender é uma experiência multissensorial” e que os livros digitais não estimulam o cérebro no mesmo nível de profundidade que os livros físicos.

Ela também alerta para dois pontos importantes sobre o uso de telas: o fator dispersão e a necessidade de disciplina. Quer ver como você vai se identificar com esses exemplos?

Dispersão: você pega o celular para olhar que horas são e, quando percebe, já está em outro aplicativo e nem sabe se viu as horas.

Isso ocorre, segundo Alonso, porque as telas ativam a área de recompensa cerebral, ou seja, sua mente quer continuar ali nesse momento de descontração.

Disciplina: aposto que você já comprou – ou, pelo menos, conhece alguém que comprou – um curso online que nunca terminou.

Alonso afirma que já existem pesquisas sobre isso. Elas apontam para um número significativamente menor de cursos online concluídos em comparação com os que são adquiridos. E se você, adulto, não tem disciplina o suficiente para honrar o dinheiro que gastou, o que esperar de uma criança ou adolescente?

Educação digital: um mundo novo

A reportagem da Mente Afiada também traz a opinião da doutora em Psicologia da Educação, Anna Helena Altenfelder. Para ela, a questão sobre adotar ou não uma educação 100% digital é que não existem pesquisas o suficiente que apontem se ela é melhor, pior ou equivalente ao uso de livros físicos.

“Primeiro porque as tecnologias são muito novas. E elas mudam muito rapidamente. Então, o conjunto de evidências produzidas pelas pesquisas até então não é sólido o suficiente”.

Mas o Governo de São Paulo não seria pioneiro no assunto. Ainda de acordo com a reportagem, a Suécia já vinha implantando um sistema de educação 100% digital desde os anos 1990. Um projeto que foi abortado em 2023.

O país resolveu aplicar € 43 milhões (euros) na compra de livros de papel devido a intensificação das críticas de seus cidadãos. Pais vinham reclamando que seus filhos pareciam “saber menos”.

Um levantamento da Agência Nacional Sueca para a Educação concluiu, então, que o livro físico desempenha um papel essencial no aprendizado: auxiliar os alunos na localização de informações, memorização e referência. Algo bem semelhante à descrição da neuropsicóloga Roberta Alonso sobre a “experiência multissensorial”.

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