Cidades

Doação de leite materno em Cuiabá aumenta 12% durante a pandemia

Em média, 30 bebês são alimentados diariamente com o que é coletado pelo banco

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Doação de leite materno em Cuiabá aumenta 12% durante a pandemia

Um crescimento tímido, mas representativo. O Banco de Leite Humano (BLH) – Doutor José Faria Vinagre, no Hospital Geral em Cuiabá, teve um aumento de 12% nas doações durante a pandemia da covid-19.

A unidade registrou um volume de 539 litros de leite coletados em 2020. Essa quantidade é maior do que os 478,7 litros de 2019.

Este ano, já foram contabilizados 175,9 litros no primeiro semestre e a expectativa, de acordo com o BLH, é que o número cresça e supere o total do ano passado.

Para que isso aconteça, é preciso que mais mulheres se sensibilizem e abracem a causa.

Encontro emocionante

A engenheira sanitarista e ambiental Emanuelle Maria Campos Curvo, 34 anos, é uma das mães que já integram esse time. Ela tem dois filhos – Arthur, de 3 anos, e Julio Cezar, de 4 meses – e foi após o nascimento do primogênito que conheceu o BLH.

Uma doula repassou a informação durante as orientações para a amamentação do bebê, após a mamãe de primeira viagem ver aquele leite todo indo embora durante o exercício de cuidado com o peito.

“Pensei se não teria uma forma de evitar aquele desperdício e ela me indicou o BLH”, afirmou.

(Foto: Arquivo pessoal)

Depois da dica, Emanuelle foi até o Banco, onde recebeu mais orientações sobre a amamentação. E, ali, teve contato com as mães de bebês de baixo peso, internados, e que dependem, muitas vezes, daquele leite doado para se alimentar.

Há casos em que as mães não têm leite e, como o bebê não mama, não há estímulo para a produção. “Nossa, aquele encontro me deixou muito emocionada”, lembra.

A partir dali, Emanuelle doou leite até Arthur completar 11 meses.

O retorno e a sensibilização

Após a segunda gravidez, Emanuelle não teve dúvidas. Logo nos primeiros dias de vida de Julio Cezar reiniciou o processo de doação de leite. Desta vez, inclusive, postando nas redes sociais o processo, como forma sensibilizar mais mulheres.

(Foto: Arquivo pessoal)

Emanuelle conta que, às vezes, acorda durante a madrugada para fazer a ordenha e que são necessárias algumas retiradas, até que se atinja uma grande quantidade de leite.

“Mas qualquer tanto é importante para os bebês. Não é fácil, mas é muito gratificante fazer parte disso”, define a engenheira sanitarista e ambiental.

Muito obrigada

“Muito obrigada”. É isto que Daiane Sales Pereira da Silva, 31 anos, tem a dizer às mães que fazem as doações ao BLH. A biomédica está com uma bebê de 47 dias e durante 40 dias, a pequena Sarah Vitória precisou receber a doação.

A neném estava com 1,5 kg e precisava se alimentar, mas não estava conseguindo mamar, pois não tinha força para a sucção. “Ela tentava e se cansava muito”, conta mãe.

A receita médica foi pelo uso do leite doado e, agora, Sarah Vitória está com 1,9 kg e já mama.

“Se eu pudesse, também doaria, mas não tenho o suficiente. Eu vi minha filha melhorar a cada dia que passou. Eu não sei o que teria sido sem essas doações. Então, quem puder, que contribua e doe também e salve vidas”, pede Daiane.

Medo superado

O coordenador do BLH, Marcus Vinícius de Carvalho, explica que durante o início da pandemia as mulheres demonstraram muita inseguranças e incertezas, afinal, era um vírus novo. “Mas fizemos um trabalho de orientação e conseguimos esses bons resultados”, comemora.

Inclusive, esses números vêm crescendo bastante. Nos últimos cinco anos, o BLH tem registrado aumentos. De 2017 para 2018 foi o maior salto, 168%, saindo de 128 litros para 343,2 litros. De 2018 para 2019, o crescimento foi de 39%.

(Foto: HG)

O leite coletado é direcionado para os bebês de baixo peso, ou seja, que pesam menos de 2,5 kg. Pelo menos 30 nenéns recebem a doação, tanto no HG quanto no Hospital Santa Helena.

Neste ano, em setembro, o BLH completa 20 anos com 6.644 litros coletados, desde junho de 2001. Carvalho destaca que, dentre os avanços que pode ressaltar está a manutenção da captação de leite durante a pandemia.

O desafio, avalia o coordenador, é manter as doações ininterruptas por meio de um trabalho de conscientização das mães. “Nos procurem para serem inseridas no programa, 1 mililitro já salva uma vida!”, reforça.

Como doar?

O BLH funciona para a coleta de leite e também para orientações para as mães que têm dúvida quanto a amamentação. As interessadas podem entrar em contato com a unidade fica localizada na Rua 13 de Junho, 2101 – 2º andar – Centro – Cuiabá – MT.

O telefone é o (65) 3363-7035 e o horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 7h às 19h, e aos sábados, das 7h às 13h.

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