O Livre
Os deputados da base governista retiraram as assinaturas do requerimento para abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MT Prev e a investigação foi arquivada, nesta sexta-feira (17). O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), disse que houve um entendimento do governo para que não houvesse a CPI, de modo que a reforma da previdência possa ser realizada “de forma mais tranquila”.
“O governo entende que vai haver a reforma da previdência agora e, se houver uma investigação da previdência, vai ficar duas discussões. A não ser que tenha um fato, uma denúncia especifica que justificasse uma CPI. Mas tem apenas um rombo. E todas as previdências têm rombo. Esse é um argumento muito vago”, afirmou ele, em entrevista ao LIVRE.
A CPI foi proposta pela deputada de oposição Janaina Riva (PMDB), que recolheu dez assinaturas e apresentou o requerimento para abrir a investigação na quarta-feira (8). O presidente afirmou que, assim como Janaina tem o direito de propor uma CPI, os deputados têm direito de retirar a assinatura.
O próprio Botelho assinou a CPI e, além dele, o primeiro-secretário, Guilherme Maluf (PSDB), e os deputados Daltinho de Freitas (SD), José Domingos Fraga (PSD), Oscar Bezerra (PSB) e Adriano Silva (PSB), todos da base governista. Também assinaram os oposicionistas Allan Kardec (PT), Valdir Barranco (PT) e Zeca Viana (PDT). Questionado, Botelho não acredita que a repercussão da medida seja negativa.
“Isso faz parte do jogo democrático. Bancada de governo e bancada de oposição. O regimento permite que, até a instalação da CPI, os deputados podem retirar a assinatura. Desembargadores mudam o voto constantemente [nos julgamentos]. Ninguém fala que é feio o desembargador fazer isso. Nós retiramos as assinaturas e não vejo isso como feio. Vejo isso como democrático”, declarou.
Em vídeo transmitido no seu Facebook, a deputada Janaina afirmou que, além de Botelho, também retiraram as assinaturas Guilherme Maluf e Adriano Silva. Janaina argumenta que é preciso investigar o rombo da previdência estadual, que no ano passado foi de cerca de R$ 800 milhões. O déficit atuarial, acumulado ao longo dos anos, chegou a R$ 23 bilhões no início de 2016.
Ela acusa o governador Pedro Taques (PSDB) de trabalhar contra a CPI, porque teria medo da investigação. Há 10 dias, durante a inauguração do Complexo do Tijucal, ao ser questionado sobre o que achava da investigação no MT Prev, Taques sugeriu que fosse aberta uma CPI para investigar o desvio de R$ 500 milhões que teria ocorrido na Assembleia ao longo dos últimos 20 anos – período em que o pai da deputada, José Riva, comandou o parlamento.
Confira o vídeo da entrevista:
