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Crianças, escolas e a covid-19

Será que, neste caso, o remédio não está sendo pior do que a doença?

2 minutos de leitura
Crianças, escolas e a covid-19

Boa parte dos argumentos daqueles contrários ao retorno às aulas presenciais baseia-se em dois pontos principais: pais com medo de seus filhos contraírem a covid-19, ou pela premissa de que elas funcionariam como “vetores”, sendo, portanto, um grande risco aos demais, especialmente aos mais vulneráveis (este último, aliás, vem sendo exaustivamente repetido pela mídia mainstream).

O primeiro ponto diz mais respeito à emoção do que à razão, já que crianças contam menos de 2% dos casos e possuem taxa de mortalidade de aproximadamente 0,2%, com alguns países registrando taxas ainda menores (menor do que a H1N1, segundo dados do CDC).

Crianças protegem os adultos

Na linha do 2° ponto, dois estudos recentes nos remetem à reflexão. O primeiro, um estudo escocês, preprint com 300.000 adultos, sugerindo que as crianças auxiliariam na proteção (conferindo imunidade) dos adultos que moram na mesma casa.

O segundo, um estudo suíço com amostra pequena, porém reforçando o que outros estudos já sinalizavam: as crianças são responsáveis por surtos do vírus em suas casas em menos de 10% dos casos.

Limpeza excessiva pode desencadear doenças alérgicas

Pais temem pela saúde de seus filhos – e seria ilógico o contrário. Mas não há meios de criá-los numa bolha estéril, seguros de todo o mal. Nosso sistema imune precisa do contato com o meio para se desenvolver.

A limpeza excessiva pode ser mais prejudicial, desencadeando doenças alérgicas. Será que, neste caso, o remédio não está sendo pior do que a doença?

Temos exemplos ao redor do mundo de locais que não fecharam as escolas, ou que fecharam por períodos muito mais curtos do que por aqui, e não obtiveram piores resultados na evolução da epidemia.

É importante ressaltar que o índice de suicídio entre jovens é particularmente alto. Qual o impacto psicológico nestas crianças de privá-las do convívio social fora do núcleo familiar?

As respostas já-já vão bater à nossa porta. Estaremos com a consciência limpa de que fizemos o melhor?

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Carolina Reis de Abreu Scimitt é médica em Santa Catarina.

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