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Censo 2022: Mato Grosso tem 58.231 indígenas, menos de 2% da população total

Segundo o IBGE, Campinápolis é o município mato-grossense com mais indígenas, seguido por Barra do Garças e Gaúcha do Norte

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Censo 2022: Mato Grosso tem 58.231 indígenas, menos de 2% da população total
Aldeia Leonardo Vilas Boas, Terra Indígena Parque do Xingu – Servidor Wanderley Fraga (Foto: IBGE/Divulgação)

O número de indígenas recenseados em Mato Grosso aumentou de 51.696, no Censo Demográfico 2010, para 58.231, no Censo Demográfico 2022, uma alta de 12,64%, divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ontem (7).

No país, o total de indígenas passou de 896.917 para 1.693.535 na mesma comparação. Esse número
representa 0,83% dos 203.062.512 brasileiros.

Os 58.231 indígenas contados em Mato Grosso, na data de referência do Censo 2022 (meia-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2022), representam 1,59% dos 3.658.813 mato-grossenses. O Censo apontou ainda que 4.832 municípios têm população indígena, sendo 131 no estado.

Mato Grosso ficou em sétimo lugar entre as unidades da federação com mais indígenas. Amazonas (490.854) e Bahia (229.103), os dois primeiros colocados, concentram 42,51% da
população indígena brasileira.

Mato Grosso do Sul (116.346) apresenta o terceiro maior quantitativo, seguido por Pernambuco (106.634) e Roraima (97.320). Juntos, os 5 estados representam 61,43% da população indígena do país.

(Dados: Assessoria IBGE)

É importante destacar que o quesito de cor ou raça – que tem a opção de resposta indígena, além de branco, preto, amarelo ou pardo – tem abertura universal, ou seja, é aplicado a todos os moradores dos domicílios recenseados.

Já a aplicação da pergunta de cobertura “Você se considera indígena?”, inaugurada no Censo 2010 apenas em terras indígenas, foi ampliada em 2022, sendo feita em localidades indígenas – conjunto das terras indígenas oficialmente delimitadas, dos agrupamentos indígenas e das demais áreas de conhecida ou potencial ocupação indígena.

A regra de abertura foi mantida: aquelas pessoas que, no quesito cor ou raça, não se declarassem indígenas respondiam à pergunta de cobertura “Você se considera indígena?”. Por isso, o total de pessoas indígenas no país é a soma das pessoas com cor ou raça indígena e das que responderam sim ao quesito “se considera indígena”.

Censo IBGE Indígenas
IBGE trabalha com funcionária da FUNAI na coleta em TI de Aripuanã (Foto: IBGE/Divulgação)

A pesquisa mostrou que a distribuição da população indígena dentro e fora das terras indígenas é desigual entre os estados. Os maiores percentuais de pessoas indígenas dentro das terras indígenas são encontrados em Mato Grosso, com 77,39% (45.065), no Tocantins, com 75,98% (15.213) e em Roraima, com 73,38% (71.412).

Piauí (1,58%), Goiás (1,76%) e Rio de Janeiro (3,18%) apresentam os menores percentuais de pessoas indígenas residentes em terras indígenas no total de pessoas indígenas do estado. No Brasil, 36,73% (622.066) dos indígenas moram em terra indígena.

Das 46.292 pessoas residentes nas 62 terras indígenas de Mato Grosso, 44.492 (96,11%) se declararam indígena no quesito cor ou raça e 573 (1,24%) responderam sim a pergunta “Você se considera indígena?”. Outras 1.227 (2,65%) pessoas não se declararam indígena.

Segundo o Censo 2022, Campinápolis é o município mato-grossense com mais indígenas (8.453), seguido por Barra do Garças (4.082), Gaúcha do Norte (2.492), General Carneiro (2.281) e Canarana (2.234). Querência (2.038), Paranatinga (2.003), Comodoro (1.838), Tangará da Serra(1.785) e Nova Nazaré (1.725) completam o ranking de top 10.

Já as cidades com maior percentual de pessoas indígenas na comparação com o total da população residente são Campinápolis (55,08%), Nova Nazaré (41,07%), General Carneiro(37,78%), Rondolândia (29,04%) e Luciara (28,94%). Gaúcha do Norte (28,82%), Santa Terezinha (21,23%), Alto Boa Vista (17,43%), Santo Antônio do Leste (15,78%) e Feliz Natal (12,85%) vem na sequência.

A capital Cuiabá registrou 1.472 indígenas (0,23%) e Várzea Grande 460 (0,15%). Ao todo, 131 municípios do estado têm população indígena. Figueirópolis D´Oeste, Jangada, LambariD´Oeste, Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu, Tesouro, Torixoréu e Vale de São Domingos foram os que não registraram nenhum indígena.

Santa Carmem, Ribeirãozinho, Indiavaí e Araguainha têm apenas 1 indígena cada uma. De acordo com o Censo 2022, a terra indígena Parabubure era a que tinha mais pessoas indígenas no estado de Mato Grosso, com 7.608 indígenas, seguida pelo Parque do Xingu (6.167), São Marcos (3.660), Pimentel Barbosa (2.369) e Sangradouro/Volta Grande (1.817).

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Aldeia Imaculada Conceição – Terra Indígena São Marcos Etnia Xavante – Servidor Ricardo Litran (Foto: IBGE/Divulgação)

No Brasil, a terra indígena com maior quantitativo de pessoas indígenas é a Yanomami (AM/RR), com 27.152 indígenas, o que corresponde a 4,36% do total de indígenas em terras indígenas brasileiras. Em seguida, está a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176 indígenas, e a Terra Indígena Évare I (AM), com 20.177.

Quanto ao número de domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena, Mato Grosso tem 14.043, sendo 8.133 deles em terras indígenas e 5.910 fora de terras indígenas. A média de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena foi de 4,74 no estado.

Em terras indígenas, no entanto, esse número sobe para 5,56 e, fora de terra indígena, cai para 3,61. É possível destacar que em todas as unidades da federação, a média de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena é superior à média de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados da unidade da federação.

Roraima tem a maior média de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena, que é de 4,83, seguido do Amapá, com 4,81, e o Acre, com 4,76. Com média de 4,74, Mato Grosso ficou em quarto. Já a média de moradores em domicílios particulares permanentes ocupados no estado é de 2,85.

Censo IBGE
Servidores do IBGE embarcam em avião, em São Félix do Araguaia, rumo à aldeia Leonardo Vilas Boas, no Parque do Xingu (Foto: IBGE/Divulgação)

Mato Grosso foi um dos 20 estados do país a ter recenseador indígena trabalhando no Censo 2022: Acre, Bahia, Ceará, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins também tiveram.

Nesta operação foram recrutados recenseadores – sendo 20 deles indígenas em Mato Grosso – para atuar em territórios e agrupamentos indígenas. A equipe passou por um dia específico de treinamento, onde foram explicados temas como as normativas legais, conceitos, a base territorial, o planejamento, a orientação de condutas e abordagens, além das adaptações metodológicas nos questionários.

Censo IBGE Indígenas
Aldeia Pobore TI Tadarimana – Recenseador Indígena Iranildo – 4º da esquerda para a direita (Foto: IBGE/Divulgação)

Também foram distribuídos guias específicos de abordagem e um manual do recenseador para os agentes que atuaram nessas comunidades. No que diz respeito aos protocolos de saúde, o recenseador ou qualquer outro membro da equipe do Censo 2022 tinha que estar vacinado contra covid-19, gripe e febre amarela; apresentar teste negativo para a covid-19 e utilizar máscara facial.

(Com Assessoria)

 

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