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Cáceres: Rio Paraguai atinge menor nível d’água desde 1965

Comparando com o mesmo período do ano passado, o nível está 50 centímetros mais baixo e a tendência é reduzir mais até outubro

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Cáceres: Rio Paraguai atinge menor nível d’água desde 1965
(Foto: Chico Valdiner/Gcom-MT)

Setenta e oito centímetros. Esse é nível da água na estação de Cáceres do Rio Paraguai, que abastece a região do Pantanal. Desde 1965, quando o monitoramento do local teve início, nunca se registrou um nível tão baixo para este período do ano.

Os dados são do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), que aponta para uma tendência de declínio ainda maior até outubro, quando normalmente termina o processo de vazante do Rio.

Desde junho o órgão já havia alertado que o processo de vazante neste ano teve um início antecipado. É o segundo ano consecutivo que o Rio Paraguai, que drena a Bacia do Alto Paraguai e o Pantanal, apresenta nível d’água significativamente abaixo da média.

“No ano passado, o nível do rio chegou a atingir dois metros no período máximo da cheia, neste ano, chegou apenas a 1,80m”, diz o pesquisador Marcelo Parente Henriques, segundo quem o nível da água começou a baixar cerca de dois meses antes do habitual.

(Foto: Anecy de Pinho/Politec-MT)

“Comparando com o mesmo período do ano passado, o nível atual do rio Paraguai está aproximadamente 50 centímetros mais baixo. Esse cenário traz mais preocupação, porque a seca este ano aparenta ser mais severa do que a que ocorreu ano passado, quando foram vivenciados vários impactos negativos na região”, ele completa.

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Zona de atenção

Não é só em Cáceres. As estações de Porto São Francisco (Corumbá), Ladário (Ladário), Forte Coimbra (Corumbá) e Porto Murtinho (Porto Murtinho -MS) também estão em “zona de atenção”. Nelas, o nível do rio também atingiu níveis mínimos alarmantes.

Dados de satélite apontam que não houve chuva na área de drenagem do rio nos últimos 7 dias. E para as próximas semanas, também não esão previstos volumes significativos. Apenas chuvas de pouca intensidade devem cair de forma aleatória na região, provavelmente com maior concentração mais ao sul de Mato Grosso do Sul.

Impacto ambiental e econômico

A bacia do Rio Paraguai abrange uma das maiores extensões de áreas alagadas do planeta: o Pantanal. Mas o impacto da estiagem na região traz consequências não apenas ambientais.

Há implicações para navegação no rio Paraguai, hidrovia por onde escoam, principalmente,  grãos e minérios para exportação. Desde o dia 1º de junho, em Ladário o nível do rio já atingiu 1,50m, o limite antes de a Marinha impor restrições para navegação.

(Foto: Anecy de Pinho/Politec-MT)

Outro problema é o abastecimento de água na região. Alguns municípios estão planejando captação de água alternativa, com o uso de bombas móveis.

As queimadas também preocupam. Com base no prognóstico de vazante extrema, o Governo de Mato Grosso do Sul, por exemplo, já decretou em junho emergência ambiental por 180 dias.

2,6 mil km de rio

O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, e segue na direção sul, percorre o limite entre os biomas da Amazônia e do Cerrado, adentrando no Pantanal, na região de Cáceres, por onde segue até deixar o Brasil para o Paraguai.

Desde sua cabeceira, ele drena para as regiões de depressão da planície do Pantanal, sendo o principal canal de drenagem da Bacia do Alto Paraguai.

Possui uma extensão total de 2.621 km, desde sua nascente até a foz do Rio Apa.

(Com Assessoria)

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