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Apesar da pandemia, saldo de empresas no mercado permanece positivo em 2020

Segundo o IBGE, entraram no mercado 826,4 mil empresas e saíram 634,4 mil, com saldo final de 192,0 mil empresas

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Apesar da pandemia, saldo de empresas no mercado permanece positivo em 2020
(Foto: Freepik)

O saldo de empresas que entraram e saíram do mercado manteve-se positivo em 2020: 192,0 mil. Apesar da pandemia da covid-19, este foi o segundo ano de saldo positivo, desde 2018 (menos 65,9 mil empresas). Esse número aponta ainda que a taxa de sobrevivência (percentual das empresas ativas em 2019 e continuaram no ano seguinte) foi de 83,1%.

Em 2020, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tinha 4,9 milhões de empresas ativas que empregavam 39,4 milhões de pessoas, sendo 32,4 milhões (82,3%) como assalariadas e 7,0 milhões (17,7%) na condição de sócios ou proprietários.

Os salários e outras remunerações pagos somaram R$ 1,1 trilhão, com um salário médio mensal de R$ 2.568,48. A idade média das empresas era de 11,6 anos, a mesma média de 2018 e quase igual à de 2019 (11,7 anos).

As informações são do estudo “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo”, divulgado nesta quarta-feira (26), pelo IBGE.

Efeitos da pandemia

A taxa de entrada caiu de 20,2% em 2019 para 16,9% em 2020 e a de saída, de 14,0% para 13,0%. Para o gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira, seria natural haver redução na taxa de entrada, mas não na de saída, que foi a menor desde 2008. Porém o fenômeno se repetiu em outros países: de 12 nações analisadas, oito reportaram queda na saída de empresas.

“Talvez os efeitos da pandemia ainda levem mais tempo para serem identificados.  Algumas políticas públicas contribuíram para a sobrevida das empresas, como o Programa de Manutenção de Emprego e Renda e o Pronampe. Além disso, o choque inicial provocado pela covid-19 foi sentido no país a partir de março. As empresas que funcionaram até esse período, mesmo que tenham encerrado as atividades nos meses seguintes, não entram na estatística de saída, por uma questão metodológica baseada em manuais internacionais”, destaca Ferreira.

O gerente de pesquisa explica que os dados surpreenderam e devem   ser observados com certa cautela, principalmente na comparação com os anos anteriores, pois a partir de 2019 a pesquisa sofreu uma alteração na metodologia que define organizações ativas, em razão de novo sistema de registro adotado pelo governo federal.

97,9% dos assalariados

Diferentemente do Cempre (35,3 milhões de empresas), a Demografia das Empresas considera somente unidades ativas que pertencem a natureza jurídica de entidades empresariais, excluindo, portanto, órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país. Vale lembrar que também não são considerados os Microempreendedores Individuais (MEIs).

Entre as 4,9 milhões de empresas ativas, 4,0 milhões são sobreviventes, ou seja, já estavam em atividade em 2019, o que representa uma taxa de sobrevivência 83,1%. Entraram em atividade 826 mil (16,9%), sendo a maior parte (670 mil) empresas nascidas e 157 mil, reentradas. Saíram do mercado 13,0% (634 mil empresas), a menor taxa desde o início da série histórica, em 2008.

Dos 39,4 milhões de pessoas ocupadas das empresas ativas, quase 96% estão presentes nas empresas sobreviventes. Elas remuneram, em média, R$ 2.581 ante R$ 1.469 das empresas entrantes.

Ferreira ressalta que as empresas sobreviventes, no geral, possuem um porte maior, além de responderem pela maioria das ocupações e pagarem salários mais elevados, o que possivelmente contribui para atrair mais profissionais com ensino superior.

“As sobreviventes destacaram-se em pessoal assalariado (97,9%), em salários e outras remunerações (99,3%), em salários mensais e por terem 14,7% da sua mão de obra com nível superior. Já as entrantes de 2020 tiveram participação de 2,1% de pessoal assalariado e 7,6% de nível superior, enquanto aquelas que saíram do mercado, empregavam 1,5% dos assalariados e 8,2% com maior escolaridade”, exemplifica.

Houve predomínio de empresas de menor porte em relação às entradas e às saídas. Cerca de 78,7% das que entraram no mercado em 2020 não tinham pessoal ocupado assalariado, mas apenas sócios ou proprietários, e 19,9% possuíam 1 a 9 pessoas assalariadas. Da mesma forma, com relação às saídas, 79,9% não tinham assalariados, e 18,8%, de 1 a 9 pessoas assalariadas.

Comércio perde pessoal ocupado

(Foto: Reprodução)

O setor que mais puxou o saldo positivo de 192 mil empresas foi Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com saldo de 39 mil, seguida pelas Atividades profissionais, científicas e técnicas (35 mil) e Saúde humana e serviços sociais (27 mil).

“Apesar do saldo positivo de entradas e saídas de empresas, o comércio foi um dos setores que mais perderam pessoal frente ao ano anterior: menos 222 mil, ficando atrás apenas de alojamento e alimentação, que perdeu 373 mil pessoas”, ressalva Ferreira.

Outro destaque, segundo o gerente da pesquisa, foi “a importância do porte na taxa de sobrevivência a longo prazo. Entre as empresas sem empregados que nasceram em 2015, apenas 35,5% sobrevivem após cinco anos. Já entre as empresas com dez ou mais pessoas ocupadas que nasceram no mesmo ano, a taxa foi quase o dobro, 67,5%”.

A pesquisa também revela como ocorreu a migração de porte entre as empresas que sobreviveram. As empresas que se mantiveram na mesma faixa de pessoal assalariado somaram 88,6%. Somente 4,5% passaram para uma faixa superior, o menor valor da série histórica, assim como a taxa das que reduziram o número de empregados 7%. “Como muito menos empresas subiram de faixa, isso indica um efeito líquido de -2,5%, a segunda maior queda da série”, ressalta Ferreira.

Recuo do crescimento

O número de empresas de alto crescimento caiu 2,6% em 2020 e fechou em 24,4 mil. Em 2019, essa marca havia sido de 25,0 mil, com alta de 10,0%. Entretanto, o pessoal ocupado assalariado cresceu 8,3% frente a 2019.

“Quem mais contribuiu para o aumento de pessoal assalariado foram as empresas com 250 ou mais assalariados. De 2019 para 2020, a participação dessas empresas subiu de 8,8% para 9,2% no total de empresas”, analisa Thiego.

Empresas de alto crescimento são as que têm crescimento médio do pessoal ocupado assalariado de pelo menos 20% ao ano, por um período de três anos, e tem 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas no ano inicial da observação.

De 2017 a 2020, o pessoal assalariado aumentou 175,2% nas empresas de alto crescimento, contra um avanço de 13,2% no conjunto das empresas com assalariados.

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(Com Assessoria)

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