As ameaças e assédio citados pelo ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB) entre as razões para ser removido do Centro de Custódia da Capital (CCC) para prisão domiciliar não foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). Em resposta a um ofício da juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, o secretário adjunto de Administração Penitenciária, Emanoel Alves Flores, afirmou que não havia relatos de ações deste tipo contra o ex-governador e nem contra seu ex-chefe de gabinete, Sílvio César Corrêa Araújo.
Apesar disso, o adjunto da Sejudh determinou que dois agentes do Serviço de Operações Especiais (SOE) ficassem de plantão no CCC para reforçar a segurança do ex-governador e seu braço direito enquanto eles estivessem detidos na unidade. Os policiais atuaram nessa função entre os dias 9 e 13 deste mês. As supostas ameaças teriam partido de pessoas preocupadas com uma possível delação premiada do ex-governador.
Silval e Sílvio são réus em ações da Operação Sodoma e passaram a ter o benefício da prisão domiciliar a partir da última terça-feira. Eles confessaram diversos crimes imputados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e entregaram bens e imóveis como forma de restituição aos cofres públicos. Em sua confissão, Silval Barbosa afirmou que montou parte de seu secretariado com objetivo de desviar recursos públicos para o pagamento de dívidas de campanhas, por meio da arrecadação de propina junto a empresários.
O ex-governador entregou um lote em Sinop avaliado em R$ 860 mil; a fazenda Serra Dourada II, em Peixoto de Azevedo, avaliada em R$ 33 milhões; a fazenda Lagoa Dourada 1, em Peixoto de Azevedo, avaliada em R$ 10,4 milhões; uma aeronave Piper Seneca avaliada em R$ 900 mil; e uma casa no bairro Rodoviária Parque, em Cuiabá, avaliada em R$ 1,2 milhão. Os bens dele cedidos à Justiça totalizam R$ 46,6 milhões de acordo com as avaliações contratadas pela própria defesa. Sílvio Corrêa entregou à Justiça um imóvel no bairro Rodoviária Parque Cuiabá avaliado em R$ 472 mil.
Silval Barbosa ficou detido no CCC por um ano e oito meses em prisão preventiva, com o objetivo de evitar que ele interferisse nas investigações das operações Sodoma, da qual ele é réu em cinco processos, e Seven, dois processos. O ex-governador deve ficar recluso em casa e só poderá deixar seu apartamento no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá, para comparecer a audiências na Justiça, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
