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A cultura e o meio ambiente

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A cultura e o meio ambiente
(Foto: Reprodução/O Livre)

No ano em que nasci, 1978, era lançado mundialmente o filme Raoni. O filme tratava do cotidiano, apresentando a cultura e costumes indígenas com narrativa crítica aos avanços agrícola nas terras indígenas do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso. O filme, que teve a narração de Marlon Brandon, foi indicado ao Oscar como Melhor Documentário de Longa-Metragem.

Antes de continuar, sugiro que todos que estejam lendo este artigo assistam o filme. Ele está disponível no YouTube. É um filme de bom conteúdo que nos leva a conhecer um pouco mais do Brasil. Nós, brasileiros, desconhecemos a grandeza suprema da Amazônia.

Sou defensora da Cultura como elemento de softpower, conceito mundialmente conhecido criado por Joseph Nye, professor de Harvard. Na prática o conceito se traduz em ter nas produções culturais um meio para influenciar decisões, expandir mercados, trazer autoridade e notoriedade a países e aos setores produtivos. Essa é a estratégia das produções americanas e chinesas.

Brasil na vanguarda

O Brasil é vanguarda nas questões ligadas a conservação e preservação do meio ambiente. Era 1934 quando o Brasil emitiu Decreto 23.793, falando das florestas protetoras e áreas de preservação. Para quem não acompanha muito de perto as questões ambientais, informo que em 1942 foi tirada a primeira foto do espaço do nosso planeta, e foi a partir dela que nasceu a consciência que todos nós vivemos em uma única casa.

A foto foi tão impactante que influenciou na criação da ONU (1945) e da ONU Meio Ambiente. Desta forma, antes mesmo da existência da ONU e ONU Meio Ambiente, o Brasil já tinha lei de proteção.

Foi um livro, em 1962, que questionou-se o uso de agroquímicos que fez surgir os grandes movimentos da produção orgânica. O livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, é o marco da produção orgânica mundial e serviu de inspiração para mudanças na lei americana.

Trazendo a produção para o Brasil, menciono a animação “A Vida no Solo” da Ana Primavesi, que começou em 1963 e foi finalizado em 1968 pela Universidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. A animação é extremamente didática, e é uma ferramenta essencial para entender em como se dá a vida invisível dos solos.

Recorri aos exemplos do filme do Raoni, da primeira foto tirada do espaço, do livro de Carson a da animação de Ana Primavesi para propor uma mudança de comportamento na gestão e nas políticas públicas envolvendo a cultura, a agricultura e o meio ambiente para o fortalecimento da economia nacional.

Represálias internacionais

Atualmente o Brasil sofre cobrança e represálias internacionais por falta de conhecimento histórico da governança ambiental no Brasil e venho propor o desafio de usarmos as produções culturais para difundir a conservação e a preservação do meio ambiente assim como defender o agronegócio nacional, que a cada dia conta com a expansão da consciência ambiental entre os produtores rurais e os avanços da tecnologia para produzir mais e com sustentabilidade, além das ferramentas tecnológicas para monitoramento em tempo real.

Não podemos negar que a desertificação, o aquecimento global e as mudanças climáticas estão de fato ocorrendo, e é por isso que escrevo este artigo. Podemos usar as produções culturais para transmitir mensagens poderosas de proteção e de relacionamento com o meio ambiente e de sustentabilidade por meio de produção de filmes e peças de teatros, lançamento de livros, promoção de exposições de artes plásticas e artes visuais fazendo um contraponto ponderado as investidas internacionais e promovendo o Brasil como pioneiro na agenda da preservação e educação ambiental.

Podemos influenciar positivamente quando se pensa em segurança alimentar, consumo consciente, uso responsável da água e dos recursos naturais e diversos outros assuntos da economia e comportamento.

Termino o artigo na expectativa de ter passado a oportunidade e o sentimento de urgência que temos em relação aos ataques diários que o Brasil sofre quando se fala em meio ambiente. A mudança na gestão é necessária para que se abra espaços a novas formas de conduzir um assunto tão caro e sério ao Brasil, e tenho a convicção de que a produção cultural nacional pode fazer muito para a conservação, proteção do meio ambiente e prosperidade econômica.

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Katiane Gouvêa. MBA de Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Diretora da GrowBr, Consultoria e Relações Institucionais e Governamentais. Coordenadora do Comitê de Cultura da Abrig – Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais. Parecerista da Secretária Especial de Cultura. Conselheira na Câmara Setorial de Fibras Naturais e da Produção Orgânica do Ministério da Agricultura. Ex-secretária de Audiovisual da Secretária Especial da Cultura, Ministério do Turismo.

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