Política

5 Perguntas para Kalil Baracat: “nossa obstinação é investir em abastecimento de água”

Prefeito de VG pontuou os recentes investimentos em novas estações de tratamento e culpou o crescimento “desenfreado” de casas nos últimos anos

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5 Perguntas para Kalil Baracat: “nossa obstinação é investir em abastecimento de água”

Prefeito de Várzea Grande no final do primeiro mandato e pré-candidato à reeleição, praticamente sem oposição, Kalil Baracat recebeu o LIVRE e respondeu a 5 Perguntas sem fugir de pontos polêmicos que marcam sua gestão.

O problema crônico de abastecimento no município é tratado como “obstinação” pelo gestor. Ele pontuou os recentes investimentos aplicados em novas estações de tratamento e culpou o crescimento “desenfreado” do número de casas nos últimos anos.

O gestor também ressaltou sua admiração pela família Campos e argumentando que leva com “naturalidade” as críticas de que é “mandado” por esse clã político, o mais forte do município, do qual integra.

De quebra, o prefeito destacou que nos momentos de lazer curte um futebol com os amigos e também de assistir TV, além do convívio familiar

Confira na íntegra:

1 – O que considera como o principal desafio desde que assumiu a prefeitura de VG?

Kalil Baracat: Em uma cidade com mais de 300 mil habitantes, e que se localiza em uma posição geográfica estratégica, não se pode escolher desafios. As demandas são muitas, crescentes e em todas as áreas de responsabilidade pública. E em alguns casos são necessárias intervenções em questões que são de responsabilidades de particulares, mas que, por afetarem a cidade e as demais pessoas, exigem que o Poder Público adote providências.

No entanto, não podemos deixar de lembrar que perseguimos com obstinação os investimentos no abastecimento de água e no esgotamento sanitário, problemas que somente serão solucionados se mantivermos investimentos maciços em ambos os setores, pois Várzea Grande está crescendo e com isso as exigências são cada vez maiores.

2 – Como lida com as críticas de que o senhor é “mandado pela família Campos”?

Kalil Baracat: Com muita naturalidade, pois são argumentos que carecem de veracidade. O senador Jayme Campos, a prefeita Lucimar Campos, o deputado Júlio Campos são pessoas que tem serviços prestados a Várzea Grande, assim como a minha avó, Sarita Baracat, que foi a prefeita em Várzea Grande, meu avô, Emanuel Benedito de Arruda, mais conhecido como caboclinho, que foi vereador, e meu pai, Nico Baracat, que foi vereador, deputado, vice-prefeito e secretário de Estado.

Pseudo-oposicionistas se apegam em detalhes para desmerecer aqueles que trabalharam, trabalham e continuarão trabalhando por uma Várzea Grande ainda melhor para todos. Vejo poucas ou quase nenhuma crítica construtiva.

Em tempo, o senador Jayme Campos aportou mais R$ 100 milhões em emendas parlamentares de sua autoria durante o nosso mandato. Até onde sei, e gostaria que me provassem o contrário, aqueles que me acusam de ser mandado pelos Campos não aportaram nenhum recurso por essas bandas. Falam que são empresários, geram emprego e renda, isto é uma meia verdade, porque a maioria deles investem bem menos do que Várzea Grande e sua gente devolve a eles.

3 – Quanto tempo para a solução definitiva do problema de abastecimento de água na cidade?

Kalil Baracat: Estamos fazendo os investimentos necessários e buscando recursos federais ou empréstimos, por estarem as finanças públicas municipais em ordem e com crédito ofertado por instituições financeiras oficiais ou privadas.

Para se ter uma ideia, em 2021, quando assumimos, o sistema de captação, tratamento e distribuição de água tinha sua capacidade total em torno de 700 litros por segundo ou 60,500 milhões de litros dia, mas de forma precária, ou seja, algumas Estações de Tratamento de Água funcionavam com dificuldades e produzindo aquém de sua realidade.

Chegamos com as obras da ETA Grande Cristo Rei já iniciadas pela gestão da prefeita Lucimar Sacre de Campos e com os recursos necessários em caixa. No final de 2021, inauguramos a mesma com capacidade de 325 litros por segundo ou 28.080 milhões de litros dia. Mas até chegarmos à conclusão desta obra, executada com recursos próprios, tivemos que superar diversos obstáculos, além dos problemas do dia a dia, como as perdas, os desvios, as redes antigas e alta inadimplência.

Ao findar deste ano de 2024, vamos mais do que dobrar a capacidade de captar, tratar e distribuir água para toda a população de Várzea Grande. Além da ETA Grande Cristo Rei, já entregamos a ETA Barra do Pari/Chapéu do Sol, de 250 litros por segundo, ou 21,6 milhões de litros/dia, executada pela Prefeitura de Várzea Grande com recursos próprios e do Governo do Estado.

E estamos com mais de 85% das obras da ETA Imigrantes/Bonsucesso, de 125 litros por segundo, ou 10,8 milhões de litros dia.

Essas 3 obras juntas ampliaram e ampliarão nossa capacidade de oferecer mais 70,5 milhões de litros/dia, que, somados aos já captados, tratados e distribuídos 60,5 milhões, colocam Várzea Grande em uma posição privilegiada de 131 milhões de litros/dia, o que representa mais de 400 litros/dia por pessoa.

Mas nosso maior problema continua a ser os problemas externos, como vazamento, desvios, alta inadimplência e redes antigas, mas estamos atuando em todas essas frente para mudar essa realidade. Agora é uma realidade que depende de muito investimento e prazo, pois não são obras fáceis de realizar.

Também é bom lembrar que nestes anos diversos conjuntos de motos-bombas foram adquiridos, diversos laboratórios construídos e outros investimentos realizados, pois o abastecimento de água e o esgoto sanitário são investimentos complexos.

3.1 – Mas por que chegou a este atual quadro de dificuldades?

Kalil Baracat: Uma série de fatores, mas o principal foi a falta de investimentos constantes e que acompanhassem o crescimento da cidade. É preciso esclarecer que Várzea Grande por mais de uma vez foi contemplada com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da ordem de R$ 500 milhões, mas estes recursos pouco ou quase nada se tornaram realidade, à exceção de valores liberados para pavimentação asfáltica. Mas a questão do abastecimento de água e esgoto sanitário, que somavam recursos da ordem de R$ 500 milhões, não vingou e o recurso chegou a ser perdido após operações da Polícia Federal e da Justiça Federal.

Estes recursos do PAC, definidos ainda na primeira gestão do então presidente Lula, foram feitos com base em estudos e diante das necessidades. Como não saíram do papel e o crescimento populacional e da cidade aconteceu, as demandas mais do que dobraram e a falta de capacidade de investimento piorou a situação.

Entre 2005 e 2012, a questão do abastecimento de água e do esgoto sanitário ganhou um reforço com a privatização da Sanecap (Companhia de Saneamento de Cuiabá), que ao final de 2012 passou a iniciativa privada.

Com isto, os recursos do PAC de Cuiabá, também suspensos por operações policiais federais, passaram a ser reclamados por Várzea Grande, que burocraticamente conseguiu acessar os mesmos, mas novamente não deixaram de sair do papel e se tornar uma realidade.

As dificuldades de Várzea Grande em acessar esses recursos não foram as mesmas de Cuiabá, que mesmo privatizada acessou recursos públicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e executou obras que também deveriam ter sido executada aqui e não foram. O resultado é que Cuiabá andou com mais rapidez e eficiência e Várzea Grande patinou.

Então veja que, em 1997, a então Companhia de Saneamento de Mato Grosso (SANEMAT), do Governo do Estado de Mato Grosso, municipalizou os sistemas de abastecimento de água para os municípios, inclusive Várzea Grande, que criou o DAE/VG, mas já recebeu um sistema deficitário.

É importante esclarecer isto para que as pessoas entendam que em 1997 Várzea Grande tinha pouco mais de 200 mil habitantes e passados 27 anos superou 300 mil habitantes, ou seja, 50% a mais de habitantes neste período. E não foi apenas a população que cresceu, a própria cidade cresceu e se desenvolveu e isto passou a exigir mais investimentos públicos, que não aconteceram.

E os investimentos próprios do DAE, que tem uma inadimplência alta, são limitados, mas mesmo assim são importantes para fazer frente às demandas, mas insuficientes para superar as adversidades e o próprio crescimento da cidade e de sua população.

Em 2016, então sob a gestão Lucimar Sacre de Campos, novamente os recursos do PAC ficaram assegurados e novamente não saíram do papel, justamente no que é mais essencial, que é a água e o esgoto.

E, agora, em 2023, nós apresentamos, no Novo PAC, no terceiro mandato do presidente Lula, a previsão de quase R$ 500 milhões para serem investidos em água e esgoto, sendo que parte destes valores são internacionais, do BID Pantanal, visando preservar um dos maiores santuários ecológicos do Planeta. Mas de nada essa previsão servirá se não sair do papel e se tornar realidade, se tornar obra, investimento em qualidade de vida.

Fiz questão de me ater a este assunto, porque ele sempre está no dia a dia das pessoas e acaba sendo utilizado politicamente, como recentemente, na divulgação do Relatório Trata Brasil – que avalia as 100 maiores cidades do Brasil, que tem 5.700 cidades – e no qual Várzea Grande aparece entre os piores índice de saneamento, mas a frente de pelo menos 5 capitais de Estado, em um país onde mais de 33 milhões de pessoas tem dificuldades em acessar um mínimo de água e esgoto.

Se levarmos em consideração desde quando o Trata Brasil divulga dados do saneamento básico, vamos ver que a situação de Várzea Grande perdura de forma negativa há muito tempo, inclusive na gestão daqueles que nos criticam.

Para lhe dar um exemplo, segundo o SECOVI (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais) ou o Sindicato de Habitação de Mato Grosso), Várzea Grande comercializou mais de 5.574 mil novas residências em 2023 com mais de 1,113 bilhão. Isto representa dizer, mais moradores, mais ligações de água e esgoto e por aí vai indo. Então temos que manter um alto índice de investimentos, sejam eles públicos ou privados, para que, após determinado tempo, tenhamos o tão sonhado equilíbrio.

Vejo críticas e mais críticas e diversas elocubrações de que existe solução, mas as pessoas não querem tirar elas do papel. Mas podem ter a certeza de que em nossa gestão já comprovamos e vamos continuar comprovando que tanto na água como no esgoto já estamos mudando essa realidade, mas de forma responsável e transparente.

4 – Sua gestão se inspira nas gerações anteriores de sua família? Qual característica se lembra e considera mais marcante dos Baracat?

Kalil Baracat: A convivência com meus avós, principalmente Sarita Baracat, sempre foi no dia a dia da política e assim também aconteceu com meu pai, Nico Baracat. A maior inspiração que guardo de ambos é sempre manter o respeito aos compromissos assumidos, mesmo que por um motivo ou por outro não se possa honrá-los em sua totalidade, lembrando que o cidadão vem a sua procura em busca de soluções para uma vida e uma cidade melhor para todos.

Quando os pedidos são pela coletividade, os valores devem se dobrados e os esforços para atendê-los também. Valores familiares e voltados para a cidade e sua gente sempre nortearam minha vida pública.

5 – Pensa em ocupar algum outro cargo público além do de prefeito?

Kalil Baracat: Trabalho para cumprir os compromissos assumidos. A minha vida, assim como das demais pessoas, eu acredito que aconteça por etapas, então temos que nos desdobrar para atingir as metas traçadas para só então falar em novas metas. É claro que nem tudo que planejamos vai acontecer. Sempre existe a possibilidade de uma adversidade ou de obstáculos, mas a determinação e o empenho para cumprir essas metas sempre terão prioridades.

Sei que quando consigo vencer ou superar uma meta estabeleço outras. O futuro depende de uma série de fatores, então falar que não penso em novas disputas seria errado, mas se o fizer serão sempre tendo em mente os compromissos assumidos, os compromissos cumpridos e aqueles que ainda posso cumprir.

Bônus: – Como é o Kalil fora do perfil de gestor? O que gosta de fazer nos momentos de lazer?

Kalil Baracat: Uma pessoa comum, que ama a família, dá valor à vida, às pessoas e às amizades, que está atento a tudo que acontece e que trabalha com determinação, afinco e principalmente com amor ao que faz, para atender aquilo que as pessoas lhe pendem, seja como gestor público, seja como pessoa, seja como um cidadão de Várzea Grande, de Mato Grosso e do Brasil.

Como uma pessoa comum, gosto de futebol, gosto de televisão e de construir amizades.

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