Ex-secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), eleito deputado estadual com 26.462 votos em 2022, Beto Dois a Um afirmou ao LIVRE que essas áreas precisam de políticas públicas permanentes “independente de quem senta no Governo, Assembleia ou na Secel”.
Ao longo deste “5 Perguntas”, o agora parlamentar também comentou sobre a prática de preços de ingressos dos jogos do Cuiabá Esporte Clube na Arena Pantanal. Em sua avaliação, o time, por ser um clube privado, investiu muito dinheiro ao longo dos anos e está no direito de praticar o preço que achar conveniente “pois sabe onde o calo aperta”. Ao mesmo tempo, o parlamentar também entende que todos devem ter acesso ao esporte.
Apesar de ser filiado ao PSB, Beto também comentou a disputa dentro do seu grupo político entre o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho e o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, sobre quem vai disputar a eleição para a prefeitura de Cuiabá em 2024 pelo União Brasil – com aval do governador Mauro Mendes.
Sobre a possibilidade de também disputar o Palácio Alencastro, o parlamentar argumentou que não pretende lançar nova candidatura. Seu nome foi um dos ventilados nos bastidores assim que as movimentações eleitorais começaram na capital este ano.
Leia na íntegra
01: Além de cantar, qual outro “passatempo” favorito?
Resposta: Eu ando tão entregue às minhas funções na Assembleia Legislativa, tão grato e tão feliz que nem o passatempo de cantar eu tenho conseguido botar em dia. É muito prazeroso o que faço e gosto de estar fazendo. Cantar está no meu sangue, na minha vida, inclusive estou tentando é arrumar mais tempo para poder me dedicar a esse passatempo.
Tenho trabalhado diuturnamente na AL-MT e tenho deixado de lado até minhas atividades físicas que pretendo retornar nos próximos dias.
02: Dada a disputa dentro do União entre Botelho e Fábio Garcia, você também se consideraria apto a disputar a Prefeitura de Cuiabá em 2024? O cargo de vice pode ser cogitado?
R: Eu acompanho pela imprensa. Sou próximo aos dois, Botelho e ao Fábio Garcia. Sobre esse imbróglio dentro do União Brasil, não é uma pauta que diz respeito a mim, pois sou filiado ao PSB e estou feliz com as construções que o partido vem fazendo dentro do estado de Mato Grosso.
Fico honrado cada vez que sou lembrado sobre a possibilidade de disputar a eleição aqui em Cuiabá. Quem não ficaria honrado em poder contribuir com essa cidade que me deu tanto e nesse momento está precisando de um auxílio.
É de conhecimento público a minha indignação e desaprovação da atual gestão. Porém, estou feliz onde estou. Eu me preparei para ser deputado estadual e estou focado nos trabalhos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e não cogito disputar a prefeitura, nem o cargo de vice-prefeito. Cogito em ser um bom deputado e é para isso que fui eleito.
03: O que é mais difícil, gerir a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer ou comandar uma das 24 cadeiras no parlamento estadual?
R: Não digo que são dificuldades, são prazeres distintos. O tempo em que estive na Secel foi uma experiência maravilhosa para mim, onde pude estar em contato com os trabalhadores da cultura e do esporte de todo Mato Grosso, fazendo com que os recursos financeiros chegassem aos quatro cantos desse estado.
Penso que conseguimos fazer um grande avanço e iniciar um reparo histórico na Cultura e no Esporte de Mato Grosso. O time da Secel é maravilhoso, a batuta do governador Mauro Mendes foi uma grande escola para mim e na Assembleia faço uso dos aprendizados que tive como secretário no estado e no município.
Os ensinamentos do governador Mauro Mendes me são úteis atualmente na Assembleia, onde a minha missão é fazer o diálogo com as prefeituras e os segmentos. Não só na Cultura e Esporte, porque agora minha missão aumenta, para Saúde, Educação, Agricultura Familiar, etc. Essa minha vivência de ex-secretário me ajuda muito a ter um amplo entendimento e ser eficaz em relação às demandas que chegam até o meu gabinete.
04: Qual sua opinião em relação ao valor dos ingressos ofertados na Arena Pantanal? O valor deve ser o mesmo para visitantes e donos da casa? O Cuiabá Esporte Clube está errado ao cobrar mais caro em jogos “grandes”?
R: Essa questão dos ingressos é muito complexa, que se ampliou as vésperas do jogo com o Flamengo neste ano. Por um lado, entendo a questão do Cuiabá Esporte Clube, que vinha há mais de uma década dedicando tempo e dinheiro dos proprietários do clube para o time se tornar o que é hoje. Eu acho que se faz necessário, pois eles sabem direitinho onde o calo aperta e as coisas que precisam ser feitas.
A gente não pode esquecer que o Cuiabá é um clube privado e que representa o nosso estado de forma valorosa no Campeonato Brasileiro e eles têm o total discernimento do que estão fazendo em relação a isso. É obvio que querem o estádio cheio, empurrando o time.
Por outro lado, também sou um entusiasta de que todos tenham acesso ao esporte, dentro do possível. Acho que essa é uma questão que precisa ser dialogada.
Eu entendo o lado do Cuiabá e também entendo que a população precisa ter acesso, mas eu não tenho dúvidas de que vai melhorar esse cenário. Essa é a primeira temporada cheia, digamos assim. Nas outras tivemos a pandemia, que bagunçou muito.
Acho que o mato-grossense está se acostumando ao que é ter um time na Série A. Antes chegavam em cima da hora no estádio, não entrava todo mundo. Hoje já começamos a entender o tempo para chegar. Entendo que essa é uma questão que em breve deve se ajustar, como é em o todo Brasil.
Para finalizar o assunto: entendo sim o Cuiabá, eles têm que por dinheiro em caixa nos jogos grandes, mas, ao mesmo tempo, o meio-termo também é importante.
05: As propostas do Governo do Estado perdem força na AL caso Mauro e Botelho desfaçam a aliança entre eles?
R: Acredito que isso jamais vai acontecer. Os 24 deputados eleitos, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa e o governador Mauro Mendes, têm a mesma missão, que é mudar para melhor a vida das pessoas do estado de Mato Grosso.
A divergência política que tiver jamais afetará o andamento da Casa. Estou dentro da Assembleia e tenho esse entendimento, essa clareza. Divergências políticas ocorrerão a todo tempo, nas mais variadas ordens, mas não imagino um cenário onde a população seja penalizada em relação a isso. Onde a Assembleia não irá respeitar as propostas vindas do Governo e vice-versa. Vejo isso com muita tranquilidade.
SAIDEIRA: Instalada em junho, a Câmara Setorial Temática (CST) da Cultura, da qual o senhor é presidente na AL, tem uma linha de ação efetiva para a área?
R: A Câmara Setorial Temática existe justamente para ter uma ação efetiva. Quando na Secel, como disse anteriormente, tivemos um momento de reparo histórico na Cultura e no Esporte, que passaram a ser protagonistas em um governo tão vencedor.
Nós não podemos deixar que isso aconteça somente com a sorte de ter um governador que entenda a importância de ter um time como o atual secretário Jefferson, o adjunto Davi Moura, secretário Jan Moura, todo o time trabalhando diuturnamente para que as coisas aconteçam.
Precisamos ter políticas públicas permanentes, para que avancem, independente de quem esteja sentado na cadeira do Governo, na cadeira da Secel ou na Assembleia.
O objetivo da CST é justamente esse, que a gente ouvindo a classe, o seguimento, os territórios culturais de Mato Grosso, busquemos uma nova Lei de incentivo à Cultura híbrida. Que possamos se conectar com a população de forma legítima e, ao mesmo tempo, fazer com que o poder público esteja ao nosso lado.
Com a minha vinda para a Assembleia Legislativa, tenho essa obrigação de colocar a discussão em pauta e estou muito feliz com o que já está ocorrendo a partir das duas primeiras reuniões da Câmara Setorial Temática.
