Ativista negra, socióloga, vereadora morta a tiros em um Rio de Janeiro sob intervenção federal militar, Marielle Franco será homenageada nesta quinta-feira (15), em Cuiabá. O ato é organizado pelo coletivo Teresa de Benguela, do Psol Mato Grosso, e reúne ativistas, simpatizantes e consternados com a situação, na Praça da República, a partir das 18 horas.

“É um mix de sentimentos que envolve medo e revolta, porque a Marielle representava para nós um projeto coletivo. A negritude que barrou a redução da idade penal, a mulherada que tirou o Cunha, as LGBTs que barraram a “cura gay”, a juventude que ocupou suas escolas, era o que nós que sonhamos por outro mundo. É uma prova de que não estamos protegidos em nenhuma instância, porque até uma vereadora não estava imune”, afirma Guilherme Teodoro, integrante do Psol em Cuiabá.

A quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro pelo PSOL em 2016, Marielle teve o carro fechado e criminosos abriram fogo quando ela saía de uma roda de conversa com o tema “Mulheres Negras Movendo Estruturas”, na Rua Joaquim Palhares, na noite dessa quarta-feira (14). Nenhum objeto foi levado e o motorista que a acompanhava, Anderson Pedro Gomes, também foi assassinado.

A execução repercutiu na mídia internacional como um “crime encomendado”, a exemplo da matéria no site The Guardian, que se referiu à vereadora como uma “crítica da polícia”. Dias antes do assassinato, Marielle Franco havia criticado a ação supostamente violenta dos policiais na comunidade do Acari. No dia 28 de fevereiro, se tornou relatora da Comissão que acompanharia a Intervenção Federal no Rio

Nesta quinta-feira, Cuiabá será uma das várias cidades brasileiras que se manifestam contra o crime. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Brasília, Florianópolis, Natal e Curitiba são algumas confirmadas.

“A compreensão é que o assassinato da nossa companheira é uma mensagem muito clara ao Psol e toda militância de esquerda. Ou a sociedade brasileira se levanta pela democracia ou podemos voltar aos anos de chumbo que a gente já conhece a história”, afirma Lélica, professora e também militante do partido.

Fruto de cursinho pré-vestibular do complexo da Maré – uma das maiores favelas do mundo – Marielle Franco se formou pela PUC-Rio, um dos vestibulares mais concorridos do Brasil. Foi por ingressar no cursinho comunitário que a ativista decidiu por construir uma trajetória dedicada aos Direitos Humanos.

Na contramão do destino de muitos moradores da favela, ela ainda fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com foco nas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. Na vida pública, coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa (Alerj), ao lado do deputado Marcelo Freixo de quem foi colega parlamentar e assessora.

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