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Situação na Salgadeira piorou após interdição, dizem turistas

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Situação na Salgadeira piorou após interdição, dizem turistas

Maria Angélica Oliveira/O Livre

Salgadeira

Mesmo com interdição, Complexo da Salgadeira atraiu banhistas durante o domingo de Carnaval

Turistas que costumam visitar o balneário da Salgadeira, em Chapada dos Guimarães, a 65 quilômetros de Cuiabá, afirmam que a situação piorou desde a interdição do acesso à cachoeira, realizada em 2010. A reportagem do LIVRE percorreu o local na tarde deste domingo (26) de Carnaval. Por volta das 14h30, cerca de trinta carros permaneciam estacionados na entrada da Salgadeira, às margens da MT-251.

Logo na porta, um posto de vigilância tenta intimidar os visitantes, sem sucesso. Eles ignoram as placas de alerta sobre a interdição e entram por meio de duas aberturas nos tapumes de metal, visíveis para os carros da Polícia Militar que transitam por ali. “Não deveria ter um posto para inibir o cidadão de entrar. Deveria ter um funcionário para orientar as pessoas a não jogar lixo”, diz a bióloga Rúbia Elias da Silva, que vai à Salgadeira com frequência. “O espaço é super bacana, é bonito e barato. Você compra as coisas lá em Cuiabá e vem passar a tarde, relaxar. Fechar isso aqui é palhaçada. Os políticos receberam a grana, roubaram e não vão arrumar. Isso é o Brasil”.

Ao lado dela, um colega de profissão também se mostrou indignado com a obra. “Antes da interdição, os comerciantes cuidavam, faziam o aceiro. Isso aqui é especulação imobiliária. Cresceram o olho aqui por causa da Copa e resolveram explorar. A empreiteira pegou toda a grana. Foi um malandro passando a perna no outro”, disse ele, que preferiu não se identificar.

Do lado de dentro, um matagal alto e espesso se formou. Em alguns pontos, a vegetação cobre um adulto de porte médio e disputa espaço com o lixo espalhado pelo terreno. São latinhas, embalagens de plástico, restos de comida e até fraldas descartáveis.

Abordado pela reportagem, o chefe de cozinha Márcio Antônio da Silva garantiu que recolheria os restos do churrasco que havia feito na beira do rio. “Não pode deixar nada. Vamos levar tudo”, disse. Para ele, o quadro atual da Salgadeira é “uma lástima”. “Não tem necessidade de ser interditada, basta cuidar mesmo”.

Novela mato-grossense
O Complexo da Salgadeira tem 72,4 mil metros quadrados e foi interditado pela Justiça estadual em 2010, após o Ministério Público identificar problemas ambientais. As obras de revitalização foram iniciadas em 2014, com previsão de entrega até a Copa do Mundo. No entanto, não ficaram prontas e permanecem paralisadas, segundo o governo, por inconsistências de projeto.

De responsabilidade do Consórcio Salgadeira, formado pelas empresas Farol Empreendimentos e Ypenge Projetos Florestais e Ambientais, o projeto previa estacionamento, guarita, posto policial, locais para instalação de lojas, restaurantes, centro dedicado ao turista, espaços para trilhas e rede de esgoto. As obras foram retomadas em 2016, mas encerradas no mesmo ano por questões contratuais, também de acordo com informações do governo.

 

Em dezembro de 2016, a Justiça determinou que o governo apresentasse uma proposta definitiva para concluir as obras e instalasse placas sinalizadoras informando a proibição da entrada de pessoas. O prazo para cumprimento da decisão era de 30 dias. À época, a Secretaria de Cidades informou que lançaria uma licitação em caráter emergencial.

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