Comportamento

Setembro Amarelo: especialista diz que redução das mortes depende de políticas públicas de prevenção e pósvenção

 Alan Barros diz que é preciso estudar as causas dos suicídios e ataca-las com ações públicas em diversas áreas, não só na saúde

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Setembro Amarelo: especialista diz que redução das mortes depende de políticas públicas de prevenção e pósvenção
(Foto:/Divulgação)

Os dados referentes ao registro de suicídios são impactantes e mostram a importância de se manter ativa e permanente ao longo do ano as reflexões e discussões trazidas no Setembro Amarelo, mês dedicado ao combate e redução desses índices. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 mil pessoas tiram suas próprias vidas todos os anos no mundo. No Brasil, o número é de 14 mil, considerando o mesmo período.

Para Alan Barros, escritor, palestrante e empreendedor social da área de Saúde Mental, a situação tornou-se questão de saúde pública, mas sua prevenção deve extrapolar essa área. Estudos feitos por pesquisadores europeus e citados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostram que enquanto o número de suicídios diminui na Europa, aumenta em países de renda média e baixa. O fato mostra a ligação direta de questões econômicas e sociais com o tema. O Brasil, por exemplo, conforme estatísticas da OMS, aumentou em 43% a incidência entre os anos de 2010 e 2019.

Dentre deste contexto, Barros defende que a solução é fortalecer os estudos de suicidologia, que são amplos em outros países como os Estados Unidos, e, desta forma, fomentar políticas públicas de prevenção e pósvenção – atendimento as pessoas impactadas direta ou indiretamente pelas mortes – do suicídio em diversos ambientes sociais.

Ele explica que a suicidologia é o estudo dos comportamentos e causas suicidas. Criado pelo psicólogo clínico americano Edwin Shneidman (1918 – 2009), esta linha de pesquisa tem avançado tanto nas áreas de saúde como sociais. De acordo com Barros, os trabalhos já realizados mostram que o suicídio é fruto de uma dor intolerável e, como dia o próprio Shneidman, “é um ato definitivo para um problema temporário”.

Entre as situações presentes nos registros, a partir da análise de suicidólogos, estão as necessidades psicológicas básicas frustradas e não realizadas, as atitudes de autodepreciação, baixa autoestima, que denotam uma autoimagem que sucumbe ao não suportar uma dor psicológica intensa e profunda.

Sendo assim, não é difícil, aborda Barros, associar o aumento dos registros de suicídio a desigualdade social, que se acentua no país e deixa as pessoas vulneráveis e muitas vezes sem expectativa de um futuro promissor, no qual possa alcançar um ideal de sucesso condizente com as exigências externas.

“Então, não podemos pensar em reduzir e, sendo otimista, erradicar os registros sem pensar em políticas públicas que atendam as pessoas e que também deem oportunidades de recuperação tanto em saúde, como na conscientização e melhoria das condições econômicas e sociais. O trabalho precisa ser ter um olhar para sociedade e ser humano como um todo”, finaliza.

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