O lacramento das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições de outubro foi realizado sem a participação de nenhum partido político em Mato Grosso. E não foi por falta de convite.
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) informou que já realizou 16 cerimônias do tipo e, mesmo chamando formalmente os partidos para acompanhar os trabalhos, ninguém compareceu.
“Não vem ninguém ver, ninguém está aqui e aí falam da urna. Se viessem, receberia toda a explicação do mundo, porque aí está o técnico, todo mundo explicando [o procedimento para inviolabilidade das máquinas]”, afirmou o presidente do TRE-MT, desembargador Carlos Alberto da Rocha Alves.
Os procedimentos estão no bojo das críticas feitas por alguns políticos – principalmente daqueles ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) – sobre a confiabilidade do processamento dos votos no Brasil e, por consequência, do resultado das eleições.
A ausência dos partidos acabou fazendo o desembargador subir o tom ao rebater esses políticos.
“Vem crítica de quem não vê ou, às vezes, daqueles malucos que têm lado político. Eu sempre digo o seguinte: eu nunca vi nenhuma fraude de qualquer aparelho que é ligado na energia elétrica”, afirmou.
Como funciona o lacre das urnas
Os trabalhos de lacração começaram na terça-feira (20). As cerimônias foram abertas ao público e os partidos políticos tiveram convites formais individuais para acompanhamento, de acordo com o TRE-MT.
As máquinas passam por três etapas. Primeiro, um pen-drive com todos os dados de sistemas e dos eleitores de cada seção eleitoral é inserido nas urnas eletrônicas, em seguida é feita uma conferência dos dados no dispositivo e então é autorizado lacramento.
“Após a inserção da mídia, fazemos a conferência visual dos dados e, em seguida, ela é lacrada. Assim a urna permanece até o dia da eleição. O lacre só é rompido em caso de realização de auditoria. Após ser auditada, ela volta a ser lacrada”, diz a chefe do cartório da 20ª zona eleitoral, Simeres Albuquerque.