Educação

Saiba porque a Finlândia é o país modelo de educação

A especialista Ayla Huovi veio a Cuiabá, a convite do Colégio Unicus e Toque de Mãe, para um treinamento sobre o modelo de educação finlandês

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Saiba porque a Finlândia é o país modelo de educação
(Foto: Fernando Rafael)

O método de educação da Finlândia é um dos melhores do mundo e, por isso, considerado modelo para o restante dos países. Entre os motivos está o trabalho em conjunto entre todos os responsáveis pela educação, que cria uma rede de confiança e faz o sistema funcionar de forma fluida.

Pensando nisso, o Colégio Unicus e Toque de Mãe trouxe a Cuiabá a mestre em pedagogia, especialista em sistemas educacionais, consultora e intérprete do governo finlandês Ayla Huovi para um treinamento sobre Pedagogia de Projetos, uma metodologia que a Finlândia desenvolve com os professores e traz resultados bastante positivos.

Casada com um finlandês, que não se adaptou ao Brasil, Ayla migrou para a Finlândia há 18 anos, onde um amigo a convidou para dar aulas de português para adultos. Com isso, ela começou a gostar do meio educacional.

A pedagoga iniciou o aprendizado da língua finlandesa e tornou-se intérprete do governo finlandês. Após esse período, ela fez um mestrado para dar aulas no ensino fundamental. No país referência em educação, todos os professores têm que ter no mínimo um mestrado para lecionar no ensino fundamental.

Ayla concedeu a entrevista ao LIVRE e falou sobre a metodologia educacional finlandesa. Confira:

(Foto: Márcia Pedr’Angelo)

LIVRE: O que fez com que a Finlândia se transformasse em um modelo para a educação?

Ayla Huovi: “A partir do momento em que a Finlândia começou a levar a educação pública a sério, separamos o joio do trigo. Ela investiu na formação dos professores porque eles são a base da educação. A Finlândia não tem uma metodologia única, ela trabalha com métodos, linhas pedagógicas diferentes dentro dessa formação. O profissional tem total autonomia para decidir o que ele vai trabalhar em sala de aula”.

LIVRE: Tem algo em comum entre o modelo brasileiro e finlandês?

Ayla Huovi: “Em termos de metodologia, eu não vejo algo em comum que já exista. Em termos de estrutura educacional é um pouco parecida, com a diferença de que na Finlândia o processo de alfabetização começa aos 7 anos, e aqui os alunos iniciam essa caminhada aos 6. Já em questão de metodologia estamos nos tornando parecidos, porque, com a pandemia, a tecnologia veio para o Brasil de uma forma rápida, foi necessária. O novo ensino médio, que deveria ser implementado no país e que agora nós não sabemos se vai ou não ser revogado – já existe na Finlândia há 20 anos. Parando para pensar em termos educacionais, nós estamos 20 anos à frente do Brasil, e é uma metodologia que é boa e que funciona”.

LIVRE: Qual é o ponto mais importante do modelo de educação da Finlândia?

Ayla Huovi: “O trabalho em conjunto, que é exatamente o que nós estamos trabalhando hoje no Colégio Unicus e Toque de Mãe. Essa questão do trabalho em equipe, que eu já vi que eles fazem com algumas pequenas diferenças, mas esse é o ponto chave, porque os professores trabalham muito com a confiança. Então, para você trabalhar em equipe é mais ou menos assim: o meu diretor confia no professor, o professor confia nos pais, e os pais confiam nos educadores. Esse trabalho em equipe e a confiança mútua, eu não tenho sombra de dúvidas que é o que faz o sistema funcionar de forma tão fluida”.

LIVRE: Você acredita que a educação precisa se atualizar para acompanhar as mudanças do mundo?

Ayla Huovi: “Claro! O mundo muda, a sociedade muda, para que serve a educação? Por que existe a educação? É porque eu preciso de uma sociedade que possa viver junto, que possa ter civilidade, que possa viver em comunidade. A educação tem que mudar não pela questão do conteúdo, da matemática, da biologia, mas ela tem que preparar um cidadão novo para o novo século, então a educação muda para isso, para preparar os novos cidadãos no futuro”.

LIVRE: Você acha que a educação da Finlândia serve para o Brasil? E o que que isso pode mudar?

Ayla Huovi: “Não tem como a gente pegar um sistema educacional finlandês, de Singapura, da Polônia e vir ao Brasil, ministrar um treinamento e falar: ‘Olha é isso aqui’. Agora, o que Brasil pode é aproveitar novas práticas de qualquer outro sistema do mundo e aplicar dentro da cultura, dentro da história, isso funciona. Eu não chego aqui no Brasil e falo: ‘Olha como a Finlândia é maravilhosa’. Eu quero algo para agregar, eu mostro o que deu certo e como nós podemos nos adaptar ao Brasil. Mas eu também falo o que deu errado, por exemplo, o que deu errado na Finlândia é a inclusão, nós não tínhamos cidadãos inclusos na sociedade, com o processo que a gente tinha”.

Treinamento

(Foto: Fernando Rafael)

Empreendedora apaixonada por educação, psicopedagoga, especialista em educação infantil e letramento, Márcia Pedr’Angelo conta ao LIVRE qual foi o objetivo da vinda da Ayla nas escolas.

“O tema do nosso workshop foi a Pedagogia de Projetos, uma metodologia que a Finlândia desenvolve com os professores e traz resultados bastante positivos, porque consegue trabalhar 2, 3 ou mais áreas do conhecimento em um mesmo desenvolvimento de atividade. Os professores planejam juntos, colaboram no desenvolvimento dessa atividade, avaliam com diferentes olhares e esse estudante chega a uma conclusão de aprendizado de forma muito mais significativa. Então, o objetivo da vinda da Ayla foi justamente para que trouxéssemos essa visão global aos nossos professores e os integrassem ainda mais às metodologias ativas e as formas que eles possam utilizar essas ferramentas pedagógicas mundiais”, disse a CEO do Colégio Unicus e Toque de Mãe.

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