Educação

Repasse de verbas para merenda escolar diminui nos últimos anos na maioria dos Estados

Diminuição de repasses para a maioria dos Estados pode ter relação com aumento de taxa de evasão de estudantes nas escolas

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Repasse de verbas para merenda escolar diminui nos últimos anos na maioria dos Estados
(Foto: Arquivo)

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) constataram que os repasses financeiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), destinado a compra da merenda escolar, diminuíram nos últimos seis anos na maioria dos Estados brasileiros.

A análise dos dados de 2014 a 2020 está descrita em artigo publicado nesta sexta-feira (20) na revista científica “Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação”.

Apenas o Amapá e o Distrito Federal receberam maiores repasses financeiros do programa em 2020 quando comparados a 2014.

A queda atinge até mesmo o estado de São Paulo, que foi um dos estados que mais recebeu recursos do Pnae ao longo dos anos, junto com Bahia e Minas Gerais. De 2014 a 2020, o estado teve uma redução de 15% de repasses para merenda escolar, recebendo aproximadamente R$ 870 milhões do programa no ano da pandemia.

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Os pesquisadores analisaram dados de repasses financeiros do Pnae de 2014 a 2020, fornecidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento para a Educação (FNDE). Eles identificaram as oscilações durante o período do programa por município e modalidade de ensino.

Uma correção monetária foi aplicada, de acordo com a inflação, para que os dados pudessem estar o mais próximo possível da realidade, visto que os preços dos alimentos apresentam variação durante o ano.

Evasão escolar

De acordo com o trabalho, a redução de repasses para a merenda escolar pode estar relacionada à evasão escolar de estudantes. O valor a ser repassado pelo governo federal para as secretarias estaduais de educação e prefeituras municipais em 10 parcelas anuais é calculado de acordo com o número de alunos matriculados nas escolas federais, estaduais, municipais e distritais registradas no Censo Escolar e a quantidade de dias letivos.

“A decisão de delimitar a análise entre 2014 e 2020 foi estratégica para capturar os impactos reais de duas ações importantes para o quadro alimentar dos estudantes brasileiros: a saída do Brasil do mapa da fome estabelecido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2014, e o impacto da extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em 2019”, explica Nataniele dos Santos Alencar, co-autora do estudo e pesquisadora da UFC.

Impacto da pandemia

O trabalho mostra, também, o impacto da pandemia na educação: 2020 é o ano com menor número de municípios atendidos pelo Pnae, por causa do fechamento das escolas. Foram 3.611 municípios a menos do que em 2014, que contabilizou 29.370 municípios, maior quantidade do período. O número de secretarias estaduais de educação atendidas pelo programa teve uma redução de 18% em relação a 2016, ano com maior número de secretarias.

“Ao identificar dados discrepantes e cenários tão heterogêneos, o estudo disponibiliza ferramentas para a intervenção política”, avalia o pesquisador Jair Araújo, coautor do estudo. Os autores Nataniele Alencar, Filipe Lima e Jair Araújo reforçam a importância de investimentos no Pnae para garantir uma alimentação de qualidade para as escolas brasileiras, o que pode influenciar no desempenho acadêmico dos estudantes.

(Da Agência Bori)

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